REFLEXÕES TEOLÓGICAS
Segundo (SPURGEON, 1996), a antiga verdade que Calvino, Agostinho e o
apóstolo Paulo pregaram é aquela que, inclusive hoje, deve ser pregada; do
contrário deixaria de ser fiel aos preceitos protestantes. Mas com as idéias deste
grande pregador não comungava Charles Finney, para quem o Calvinismo não
atingia o seu alvo, pois os seus pressupostos não estavam de acordo com sua
própria lógica de justiça, lógica esta que não tinha por base os ensinos das
escrituras, mas sim os parâmetros legais norte-americano do século XIX.
Por falta de treinamento teológico, FINNEY acabava por revelar seu
equívoco com respeito à história do pensamento cristão, principalmente por não
saber diferenciar o calvinismo do hipercalvinismo. Apenas colocou seu pragmatismo
em ação quando rejeitou aquilo que achava que não funcionava para o evangelismo
e consequentemente para a conversão do homem.
Há um registro curioso na ordenação de FINNEY. Nas Igrejas Presbiterianas
havia o costume dos presbíteros e pastores, em um momento solene, jurar
lealdade à Bíblia, à Palavra de Deus, e ao seu símbolo de Fé, a chamada Confissão
de Westminster. Diante daquele presbitério, Charles Finney jurou lealdade à
confissão de Westminster, sem nunca ter lido nenhuma passagem daquele documento
reformado.
Inesperadamente
eles me perguntaram se eu recebia a Confissão de Fé da Igreja Presbiteriana. Eu
não a tinha examinado. Ela é uma grande obra contendo os Catecismos e a
Confissão Presbiteriana. Isto não tinha feito parte de meu estudo. Eu repliquei
que a recebia pela substância da doutrina, tanto quanto eu a entendia. Mas eu
falei de uma maneira que claramente implicava, eu acho que eu não fingia
conhecer muito sobre ela. Contudo, eu respondi honestamente, como eu entendia
naquela época. (, JOHNSON, 1998)
As palavras de FINNEY comprovam seu despreparo para ser ordenado para o Ministério,
e acabam por ser a sua confissão de culpa, por ter enganado o Concílio para
poder obter a liberdade de pregar. Quando finalmente conheceu o conteúdo
daquele documento, percebeu que os seus principais pontos contradiziam-se com
muito das suas crenças, e passou a repudiar a Confissão de Fé de Westminster. Em sua Teologia sistemática
(FINNEY, 2004), acusou os elaboradores da Confissão de criarem um periódico
papal e submeter a sua confissão e o seu catecismo ao trono do papa no lugar do
Espírito Santo.
Após o seu curto tempo como evangelista, frustrado com os resultados das
campanhas de avivamento, Charles Finney passou a se preocupar em responder a
todas as questões que não estavam de acordo com sua teologia pelagiana; dizia
que onde quer que descubra qualquer pessoa que comungasse desses dogmas, não
hesitaria em demoli-los.
De forma bastante arrogante afirmava que era capaz.
Considerava os pastores presbiterianos ingênuos, ignorantes e inúteis, e
rejeitou todos os ensinos dos reformadores e puritanos. Desta rejeição deu-se o
nascimento da Teologia sistemática moralista
de Charles Finney.
No entanto, rejeitando o
Calvinismo, rejeitava o cerne da teologia bíblica protestante; e ignorava o
fato de que muito dos avivamentos e movimentos de evangelismo radical tinha
origem no pensamento de calvinistas convictos.
Diante dessa verdade, assim escreveu Charles Spurgeon:
Portanto, não estou pregando aqui nenhuma novidade;
nenhuma doutrina nova. Gosto imensamente de proclamar essas antigas e vigorosas
doutrinas, que são conhecidas pelo cognome de calvinismo, mas que, por certo e
verdadeiramente, são a verdade de Deus, a qual nos foi revelada em Jesus Cristo. Por
meio dessa verdade da eleição, faço uma peregrinação ao passado, e, enquanto
prossigo, contemplo pai após pai da Igreja, confessor após confessor, mártir
após mártir levantarem-se e virem apertar minha mão. Se eu fosse um defensor do
pelagianismo, ou acreditasse na doutrina do livre-arbítrio humano, então eu
teria de prosseguir sozinho por séculos e mais séculos em minha peregrinação ao
passado. Aqui e acolá, algum herege, de caráter não muito honrado, talvez se
levantasse e me chamasse de irmão. Entretanto, aceitando como aceito essas
realidades espirituais como os padrões de minha fé, contemplam a pátria dos
antigos crentes povoada por numerosíssimos irmãos; posso contemplar multidões
que confessam as mesmas verdades que defendo multidões que reconhecem que essa
é a religião da própria Igreja de Deus.(SPURGEON, 1996).
Nenhum comentário:
Postar um comentário