quarta-feira, 29 de outubro de 2014


REFLEXÕES TEOLÓGICAS


Segundo (SPURGEON, 1996), a antiga verdade que Calvino, Agostinho e o apóstolo Paulo pregaram é aquela que, inclusive hoje, deve ser pregada; do contrário deixaria de ser fiel aos preceitos protestantes. Mas com as idéias deste grande pregador não comungava Charles Finney, para quem o Calvinismo não atingia o seu alvo, pois os seus pressupostos não estavam de acordo com sua própria lógica de justiça, lógica esta que não tinha por base os ensinos das escrituras, mas sim os parâmetros legais norte-americano do século XIX.

Por falta de treinamento teológico, FINNEY acabava por revelar seu equívoco com respeito à história do pensamento cristão, principalmente por não saber diferenciar o calvinismo do hipercalvinismo. Apenas colocou seu pragmatismo em ação quando rejeitou aquilo que achava que não funcionava para o evangelismo e consequentemente para a conversão do homem.

Há um registro curioso na ordenação de FINNEY. Nas Igrejas Presbiterianas havia o costume dos presbíteros e pastores, em um momento solene, jurar lealdade à Bíblia, à Palavra de Deus, e ao seu símbolo de Fé, a chamada Confissão de Westminster. Diante daquele presbitério, Charles Finney jurou lealdade à confissão de Westminster, sem nunca ter lido nenhuma passagem daquele documento reformado.

 

Inesperadamente eles me perguntaram se eu recebia a Confissão de Fé da Igreja Presbiteriana. Eu não a tinha examinado. Ela é uma grande obra contendo os Catecismos e a Confissão Presbiteriana. Isto não tinha feito parte de meu estudo. Eu repliquei que a recebia pela substância da doutrina, tanto quanto eu a entendia. Mas eu falei de uma maneira que claramente implicava, eu acho que eu não fingia conhecer muito sobre ela. Contudo, eu respondi honestamente, como eu entendia naquela época. (, JOHNSON, 1998)

 

As palavras de FINNEY comprovam seu despreparo para ser ordenado para o Ministério, e acabam por ser a sua confissão de culpa, por ter enganado o Concílio para poder obter a liberdade de pregar. Quando finalmente conheceu o conteúdo daquele documento, percebeu que os seus principais pontos contradiziam-se com muito das suas crenças, e passou a repudiar a Confissão de Fé de Westminster. Em sua Teologia sistemática (FINNEY, 2004), acusou os elaboradores da Confissão de criarem um periódico papal e submeter a sua confissão e o seu catecismo ao trono do papa no lugar do Espírito Santo.

Após o seu curto tempo como evangelista, frustrado com os resultados das campanhas de avivamento, Charles Finney passou a se preocupar em responder a todas as questões que não estavam de acordo com sua teologia pelagiana; dizia que onde quer que descubra qualquer pessoa que comungasse desses dogmas, não hesitaria em demoli-los. De forma bastante arrogante afirmava que era capaz.

Considerava os pastores presbiterianos ingênuos, ignorantes e inúteis, e rejeitou todos os ensinos dos reformadores e puritanos. Desta rejeição deu-se o nascimento da Teologia sistemática moralista de Charles Finney.

            No entanto, rejeitando o Calvinismo, rejeitava o cerne da teologia bíblica protestante; e ignorava o fato de que muito dos avivamentos e movimentos de evangelismo radical tinha origem no pensamento de calvinistas convictos. Diante dessa verdade, assim escreveu Charles Spurgeon:

Portanto, não estou pregando aqui nenhuma novidade; nenhuma doutrina nova. Gosto imensamente de proclamar essas antigas e vigorosas doutrinas, que são conhecidas pelo cognome de calvinismo, mas que, por certo e verdadeiramente, são a verdade de Deus, a qual nos foi revelada em Jesus Cristo. Por meio dessa verdade da eleição, faço uma peregrinação ao passado, e, enquanto prossigo, contemplo pai após pai da Igreja, confessor após confessor, mártir após mártir levantarem-se e virem apertar minha mão. Se eu fosse um defensor do pelagianismo, ou acreditasse na doutrina do livre-arbítrio humano, então eu teria de prosseguir sozinho por séculos e mais séculos em minha peregrinação ao passado. Aqui e acolá, algum herege, de caráter não muito honrado, talvez se levantasse e me chamasse de irmão. Entretanto, aceitando como aceito essas realidades espirituais como os padrões de minha fé, contemplam a pátria dos antigos crentes povoada por numerosíssimos irmãos; posso contemplar multidões que confessam as mesmas verdades que defendo multidões que reconhecem que essa é a religião da própria Igreja de Deus.(SPURGEON, 1996).

 

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