sábado, 30 de maio de 2015

Deus, ontem, hoje e eternamente




A teologia fala da revelação progressiva de Deus na história desde o principio da criação. O que ou quem era esse Ser que havia trazido tudo à existência, estava envolto há um mistério que ainda não tinha revelação. Adão, o primeiro a quem Deus se revelou, não teve conhecimento extensivo daquele que o chamava ao entardecer, apesar de conhecer o amor, e após a queda, a justiça dEle. O Criador estava oculto, mas queria se desvendar para sua criação. E se Ele não revelasse a si mesmo aos homens, nunca teríamos capacidade de conhecê-lo por nós mesmos. Ele está além da compreensão humana, mas se revelou na nossa história, para que a nossa história fosse mudada por Ele. Esse desvendar do véu não põe fim ao mistério da sua transcendência. A muito do que se conhecer, porque “há sempre mais sobre Deus do que aquilo que somos capazes de saber”.

E como Deus se revelou? Revelou-se da maneira mais surpreendente possível. Nas religiões do passado e do presente, seus deuses eram, e são inacessíveis e impessoais, mas na bíblia a revelação de Deus se tornou acessível, e principalmente pessoal. Que revelação tremenda! Deus é uma pessoa, e como pessoa, Ele pode se relacionar com os homens de uma maneira relacional e intima. Ele se deixou achar por aqueles que tateando o buscava. 

Ele teve intimidade com homens e mulheres na história bíblica, e em cada caso um aspecto do seu Ser foi desvendado. Ele é o criador todo poderoso e o bem feitor amoroso. Ele é o resgatador que guarda, e o preservador que se preocupa. Ele faz aliança incondicional com um povo que não merecia, e os abençoa eternamente. Ele é um Deus de justiça que revela sua ira contra o pecado, mas também misericordioso para com o arrependido pecador. Ele é soberano sobre toda a criação, e todas as coisas estão debaixo de seu controle, mesmo que essas coisas sejam sofrimentos sobre o povo da aliança.

A visão que as personagens tinham de Deus no Antigo Testamento, eram centradas na revelação pessoal a qual eles haviam tido com Ele. Não havia uma concepção frouxa da grandeza e soberania de Yaweh, mas de acordo com a revelação que tinham, eles se prostravam em reverência, mesmo não tendo todo o conhecimento dos porquês de suas ações. O homem tinha um grande valor, mas não estava acima do agir soberano de Deus. O valor último era que Ele fosse glorificado na vida de seus filhos, e não que seus filhos fossem glorificados na incapacidade dEle não poder fazer sua vontade. 

Na verdade, não havia uma busca filosófica ou teológica para se entender, exaustivamente, a sua soberania. Apesar de algumas indagações até normais para um ser humano que sofre, o que havia em seus corações era apenas uma crença, não cega, mais confiante de que “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito.”

E hoje? Como Deus tem se revelado para a igreja Brasileira? Será que a revelação de Deus se estendeu para melhor ou pior? Temo dizer que a progressão da revelação divina se deteriorou para uma forma bem diferente daquela que os personagens bíblicos receberam.

Por um lado, Deus se tornou extremamente justo, e por outro, minimamente gracioso. Ele se tornou um Deus vingativo, e nem um pouco misericordioso. A revelação de Deus se deteriorou tanto, que o Deus de glória que foi revelado nas palavras do Antigo Testamento, se tornou em um Deus vazio de seu esplendor. Ele não pode ter mais vontade própria, pois o que impera hoje é a vontade do homem. Deus não pode ser soberano, por que esse atributo divino fere o atributo humano do livre arbítrio. Na verdade, nada está determinado por Ele, pois o futuro é surpreendente e didático, onde o Senhor é pego de surpresa pelos acontecimentos, e assim como o homem, Deus aprende juntamente com ele, chocado pelos desastres e tragédias.

Diante disso, o que existe hoje é uma caricatura de um Ser a muito desfigurado da sua realidade. Chegamos a um ponto onde o Deus poderoso de outrora, se tornou em um deus com letras minúsculas, fraco, que se deixa dominar pelas ordens dos “grandes homens e mulheres”. Determina-se o que esse deus faça, e o que está determinado acontecerá de acordo com uma corrente de alguns dias, campanhas sem nenhum escrúpulo, rituais vazios, objetos místicos benzidos, ou pela oração de poder do grande homem ou mulher de deus.

Aonde chegaremos? O que mais é preciso para desonrar esse Ser tão grande? Deus se revelou tão claramente em Cristo, que os seguidores de Cristo obscureceram essa revelação. O que Cristo É, o Deus que se revelou para os patriarcas É. O que nos faz pensar que o Deus criador de todas as coisas não pode ser como aquele homem de Nazaré? E como Ele era? Iracundo e sem paciência? Manipulável e sem vontade própria?  Fraco e sujeito a mandingas? Creio que não. Quando eu olho para Cristo nos evangelhos, o que vejo é um Deus, mesmo em suas fraquezas como homem, todo poderoso e soberano, amoroso e cheio de graça, paciente e misericordioso.  Ele está muito longe do Deus pintado pelos movimentos religiosos e teológicos que tentam defendê-lo diante das dificuldades de entender seus atributos.

O Cristo revelado em Jesus é a expressão exata do ser de Deus. Ele é aquele que desde o principio sustém todas as coisas pela palavra do seu poder. Ele é aquele que cheio de glória, anda no meio dos candeeiros não deixando o pavio fumegar, mas pronto para julgar a sua igreja se não se arrepender. Em apocalipse, o Deus criador do universo não é servo a disposição dos caprichos dos homens, e nem fraco que não pode impor sua vontade. Ele é tão conhecedor do futuro, e esse futuro está tão fechado, que Ele desvendou o véu para o apóstolo João em Patmos, das coisas que são e que há de acontecer.
Ele não deve nada a ninguém, e há ninguém deve satisfação. 

O Deus que se revelou no passado é o mesmo que se revelou nos evangelhos. A progressão de sua revelação minimizou a distância que tínhamos dEle, mas não ao ponto de calçarmos suas sandálias e nem comermos em seu prato. Essa é uma visão distorcida e minimalista do grande Eu Sou. Ele se revelou como um Deus passional? Sim, Ele revelou que é um Deus sentimental e pessoal. Mas acharmos que o fato dEle ser pessoal o faz como um de nós, é um erro com grandes conseqüências, como podemos ver em nossos dias. Ele é um Deus sempre perto, mais ao mesmo tempo transcende a nossa compreensão. Há ainda uma distância entre nós e Deus que não pode ser alcançada. Há ainda um limite que não podemos ultrapassar. Ele é o Deus três vezes Santo que fulminaria qualquer um que ousasse se achegar a ele em um estado de podridão ocasionado pela justiça própria. Aliás, é essa justiça adquirida na tentativa de ser perfeito fora de Cristo, que dá ousadia a esses que reivindicam autoridade sobre o próprio Deus.

Respondendo a pergunta acima, eu não sei aonde chegaremos diante de tanta aberração teológica. O que parece estar diante de nós, não é um futuro claro e brilhante, mas negro e tenebroso. Por quê? Porque a grande maioria da igreja está lendo a bíblia diabolicamente, e isso quando lê. O que ouvimos sendo pregado nas igrejas, são palavras tendenciosas sem nenhum respeito ao texto bíblico e nenhum temor de Deus. Prega-se o que o povo quer ouvir, e interpretasse o que o pregador quer entender. Por isso Deus foi destronado de sua glória, para que a gloria do homem tomasse o lugar de Deus, como realmente aconteceu. Deus deixou de ser Deus para essa igreja que quer um Deus manipulável para satisfação de seus desejos. E o fim disso tudo será lamentável.

Por mais que esses movimentos cristãos sem Cristo tentem roubar a glória de Deus, ou destroná-lo da posição a qual Ele está. Mesmo que estes venham a denegri-lo usando o seu Nome em suas bruxarias, Deus continuará a Ser Grande como Ele nunca deixou de Ser. Como escreveu Ele próprio no livro das revelações, o que Ele foi, o que Ele é, e o que Ele será nunca poderá ser mudado. O problema maior será um dia se encontrar com aquele a quem muitos têm que prestar contas de suas palavras, ações e escritos. Aí sim, eles verão que esse Deus sempre foi, e sempre será o mesmo da pior forma possível, quando Ele se revelar, não como o Deus de amor, mas sim como o Deus de justiça.

Que Deus tenha misericórdia.

Soli Deo Gloria

SPC

domingo, 24 de maio de 2015

AUDIÊNCIA NO ALTÍSSIMO 

(Um roteiro reprovado)

Rapaz entra de branco numa sala muito iluminada, onde paredes e moveis, também são todos brancos. Ele é um anjo e parece mal humorado. Tem em suas mãos um tablet.

Deus em sua mesa pastoral não é visto de frente, mas parcialmente, com a câmera posta em suas costas. Ordena que ele se aproxime:

Anjo – Senhor, Transcrevemos mais algumas daquelas ligações aqui para o céu...

Deus – Leia para mim, meu filho.

Anjo, colocando um óculos – Bom. Essa vem de Creonice, da Igreja Pentatônica de Jesus. Pelo que parece, ela é uma daquelas adoradoras de louvor...


Deus – E o que ela diz?

Anjo – Ela começa com o cabeçalho usual, chamando-o de Senhor das Galáxias dos universos, criador dos planetas, Senhor de toda a criação, Dono da prata e do ouro...

Deus – Prossiga...

Anjo, após pausa - A ligação ficou truncada a partir desse ponto. Deve ser problema no sinal... Nosso 10G parece que está sempre apresentando defeito nesse tipo de igreja...

Deus – Improvável. Eu sempre faço a manutenção dessas antenas. O que diz?

Anjo – Não sei se escrevi direito...

Deus – Tente, meu filho...

Anjo lê com dificuldade – Vamos lá... “o Xu-ri can-ta, la-ba-xú-rias o o-ri can-ta”... Quem é esse Ori? E esse Xuri? Depois “lá- lá- lá- lá...” “la-ba-xu-rias” de novo... “ripa-la-prá-tras” e “vá-chupá-ba-la-halls” Depois uma sequencia de “se-tu-me-amas-tu-me-chamas” entrecortados com alguns “aleluias”. Depois um choramingo e volta a cantar uma coisa com sabor de mel, ou te amo Jesus, me abraça... Conheço muitos idiomas da Terra, mas esse aqui é desconhecido, Senhor.

Senhor – Essa é a língua dos anjos...

Anjo – Nossa língua? Como assim!!!! Eu não converso desse jeito, Senhor! Sinceramente!

Senhor – Pelo menos, meus filhos creem que esse dialeto seja...

Anjo – Mas Senhor! Como se pode responder a essa oração? Isso é um pedido ou uma adoração? Como a gente começa a se movimentar a favor deles se nem eles organizam as ideias?

Senhor – Nem eles sabem... meu filho Paulo de Tarso ensinou que essas coisas não deveriam acontecer em reuniões públicas...

Anjo – Mas e aí? Estão chegando cada vez mais orações nesses moldes. O que fazer nesse caso?

Senhor – Continue arquivando cada uma delas. Quando eles chegarem aqui, perguntarei o que isso realmente significava. Prefiro que eles me respondam. Fica realmente difícil de responder. Em alguns casos, sei o que pedem, mas na imensa maioria dos casos é uma espécie de emoção de momento. Algumas justificáveis, outras apenas força do hábito, costume da igreja local onde congregam...

Anjo – Outros ainda, alguns pregadores, parecem que completam seus sermões com esse idioma quando falta conteúdo... (rindo agora)

Senhor – Que maldade é essa, Gabriel?

Anjo, fica sem graça – Desculpe Senhor... Me escapuliu...

Senhor - Passemos a outras orações. Mais alguma fora desses moldes?

Anjo – Tem uma aqui... Acho que não devo ler não...

Senhor – Por favor... leia...

Anjo – Diz que o Senhor tem um débito a ser pago: enviar um carro zero e uma casa na praia urgentemente, devido ao carnê do dízimo estar em dia e a campanha da igreja ter sido cumprida com rigor...

Senhor faz uma breve pausa. Abre a gaveta da mesa, pega uma caneta, pega o tablete do anjo e procura o nome da igreja da ovelha. Depois anota o nome.

Senhor – Gabriel. Chame o anjo da morte aqui. Preciso que ele me traga certo pregador de prosperidade. Preciso falar com esse pessoalmente... 

Anjo - Senhor. Esse pregador, pelo que sei, presta serviços para o pessoal lá de baixo...

Senhor - Mesmo assim. Traga ele aqui, depois deportamos ele lá para baixo. Esses pregadores de prosperidade fazem coisas que até mesmo o diabo duvida...

Fim 

Cristão Confuso

sábado, 23 de maio de 2015

Pecado original



Por que pecamos? Parece ser uma pergunta simples, mas não é. Ela é tão seria que um desvio de seu real significado influenciará toda a sua teologia. A forma como responderemos a essa pergunta indicará se somos hereges ou não. As respostas diante dessa dúvida é apenas duas:

Pecamos por que somos pecadores, ou somos pecadores porque pecamos.

Há uma doutrina bíblica muito antiga chamada pecado original, mais conhecido posteriormente como depravação total. Essa doutrina nos diz que nascemos pecadores independentes se pecamos ou não. A causa disso é que herdamos essa natureza caída de nosso pai Adão. Essa é a herança que ele nos deixou. Por causa dela somos maus, depravados, rebeldes a lei de Deus, transgressores, imorais, e a lista se estende.  De uma forma simples, aquilo que era reto se tornou, por causa do pecado, depravado. A bíblia de genebra explica dessa forma:

A expressão “depravação total” é comumente usada para tornar explicitas as implicações do pecado original. Significa a corrupção de nossa natureza moral e espiritual, que é total em principio, ainda que não em grau (porque ninguém é tão mau quanto poderia ser).  Nenhuma parte de nosso ser está isenta de pecado, e nenhuma de nossas ações é tão boa quanto devia ser. Em conseqüência, nada do que fazemos é meritório aos olhos de Deus. Não podemos ganhar o favor de Deus, pouco importando o que fazemos; se a graça não nos salvar, estamos perdidos.

Nascemos com a semente do pecado, esperando apenas o momento de quebrar a lei que nossas mães nos impõem. Nesse momento é evidenciado o que somos e quem somos. Aquele lindo bebê que acaba de quebrar a lei de Deus é um depravado. A transgressão se inicia nos primeiros meses de vida do homem e a incapacidade de agradar a Deus se torna real por causa do pecado. A conclusão é que somos escravos e ponto final.

Mas um homem questionou tudo isso. Seu nome era Pelágio. Ele foi um grande adversário de Agostinho e da verdadeira doutrina. Ele partiu da idéia que o homem era capaz de agradar a Deus por ele mesmo. E o argumento usado por ele é que se Deus mandou obedecer, o homem é capaz de realizar. A questão não estava na evidência da incompetência do pecador em cumprir a vontade de Deus, mas na possibilidade real disso acontecer, isto é, ele pode se quiser agradar a Deus.

O homem é livre para não pecar. Não se trata de escravidão, mas de decisão. Ninguém é pecador por natureza, mas ele comete pecado porque decidiu pecar. Adão foi o primeiro pecador, mas ele não passou seu erro para a sua descendência. Para Pelágio, se há pecado, ou se pecamos é por causa das influências e circunstâncias ao nosso redor. Se tudo é favorável, não há porque pecar. Não há pecadores, mas apenas atos isolados de pecado, dizia ele.

Mas realmente o pecador tem essa força de não pecar por vontade própria? O livre arbítrio do depravado o leva a agradar a vontade de Deus sempre que ele quiser? Se assim fosse, porque Jesus precisaria morrer? Se pecar não é questão de constituição, mas de decisão, não precisava o Senhor dos céus e da terra passar por tudo que ele passou. Ser um exemplo moral apenas, não vale todo o sacrifício que Ele sofreu.

 Mas a realidade de nossas miseráveis vidas nos prova o contrário. Pecamos todos os dias. Os mesmos erros insistem em nos mostrar o quanto depravados somos. Todos os dias temos que pedir perdão. O perfeccionismo tão enfatizado por John Wesley é apenas uma tentativa de fugir de nossa realidade. Somos escravos do pecado. Existe uma velha natureza dentro de nós que se revela de uma forma horrível dia após dia. Aquela história do velho índio mostra essa questão:

 “Dentro de nós há dois lobos, um bom e um mal. O vencedor será aquele que eu alimentar mais”.


Os que agora estão em Cristo, não são mais escravos do pecado, mais são nova criação em Cristo. Mas a verdade que nos machuca é que a antiga natureza, aquela que é escrava do pecado ainda habita em nós. É ela quem nos empurra para a transgressão. Para quebrar a lei de Deus e assim nos afastar dEle. Lutero dizia que somos santos pecadores, ou pecadores santos. Apesar de vivermos para agradar a Deus, ainda agradamos a nós mesmos. Apesar de termos a natureza de Cristo, ainda erramos o alvo.

Soli Deo Gloria

SPC
Perdão

A palavra perdão não é muito popular. Na verdade, ela sempre foi odiada. Hoje, há uma tentativa de fuga desse principio cristão. As pessoas que ofenderam o próximo não mais pedem perdão, antes, diminuem sua expressão para algo menor como o pedido de desculpa, quando não usam uma forma muito mais inferior, como, foi mal.

Por que isso acontece? Por que é tão difícil pedir simplesmente perdão? Creio que o porquê está no cerne de uma sociedade egoísta e orgulhosa, onde pedir perdão denota fraqueza. Os fortes não se rebaixam a essa atitude de fracos. O profeta dessa geração assim os ensinou e eles como bons discípulos aprenderam e seguem fielmente suas palavras. Friedrich Nietsche dizia que os principais princípios cristãos deviam ser apagados da memória humana. O super homem Nietscheano não pode comungar dessas limitações dos fracos. Perdão, misericórdia, compaixão, não existem no vocabulário dos mais fortes.

Por isso, falar sobre perdão nessa geração é uma verdade inconveniente. Ela nos deixa incomodados, revoltados e decepcionados. E isso é tão forte que adentrou as portas da comunidade do perdão. Onde a graça deveria reinar o que se mais vê são o rancor, ódio, amargura e vingança no trono do coração dos pequenos cristos. Muitos se dizem cristãos, mas sem seguir o exemplo de Cristo.  Diante dessa hipocrisia C. S Lewis disse o seguinte:

“O PERDÃO É UMA COISA MUITO BONITA, ATÉ CHEGAR UM DIA EM QUE TEREMOS QUE PERDOAR.”

Muitos pensam que perdão é um sentimento, e chegam à conclusão que eles têm que sentir para perdoar o seu próximo. Mas o que esses não entendem é que perdão não está baseado no que sinto, mas na minha volição. Perdoar para um cristão não é uma questão de sentir ou não, mas de obrigação. É um dever, não uma opção. O nosso Senhor nos deu uma ordem para perdoarmos assim como ele nos perdoou. Se não entendermos o significado da palavra servo, pensaremos que a ordem de Cristo pode ser questionada, ou desviada do seu propósito. Mas como os textos de Jesus sobre esse assunto são tão claros, não há possibilidade alguma de se chegar à outra interpretação. 

Perdoar é apenas seguir o que primeiro nosso Mestre fez, mas não liberar perdão é cair em desobediência diante de uma ordem clara. Aqueles que não perdoam, não podem ser chamados de cristãos. Ser cristão é ser como cristo é. E essa questão é tão séria que o senhor não deixa margem para nenhum engano. Mateus 18. 15 deixa bem claro que a liberação do perdão não pode ser de boca pra fora. Não é apenas algo exterior, mais principalmente do interior. Os cristãos devem perdoar do intimo do seu coração.  Não há possibilidade de mentira, Deus conhece nossa sinceridade.

Diante disso poderíamos até acusá-lo por nos fazer sofrer tanto diante dessa vergonha. Por que o Senhor nos expõe a esse vexame de perdoar aqueles que nos fizeram tanto mal? A acusação teria validade se Deus não tivesse experimentado essa situação. Mas não há argumentos contra Aquele que foi o primeiro ofendido, e mesmo diante da ofensa liberou perdão ante uma clara rebelião.
E a sua forma de liberar perdão foi vergonhosa, vexatória, humilhante e debaixo de um grande sacrifício. Ele escolheu há forma mais desonrosa para nos liberar dos pecados cometidos contra Ele. A cruz foi onde Deus se tornou justo e justificador daqueles que crêem em Jesus. Ela é o único fundamento sobre a qual Deus nos perdoa.

Pensamos ser simples o fato de Deus ser justo e justificador. Mas é de uma complicação tremenda. A nossa cabeça gentílica e ocidental não consegue entender a profundidade dessas duas palavras: justo e justificador. Para um judeu essas duas expressões não podem estar no mesmo texto, muito menos separadas apenas por uma conjunção. Um atributo juntamente com uma atitude de graça demonstrada há um pecador era impossível, impensável e inimaginável. Diante do pecador, Deus apenas se revela como O justo, derramando toda a sua ira sobre o ímpio.  Ele é apenas justificador para os que o amam e seguem a sua lei, mas para o rebelde e blasfemo, a parte que lhes cabe é a justiça, não a graça.
Mas como Deus pode ser justo e justificador diante do pecador? A resposta a esse dilema é a cruz. O calvário é a realidade de uma sombra do Antigo testamento.  Deus Pai ofereceu seu filho Jesus como sacrifício de propiciação. Foi através desse sacrifício que a esperança raiou para todos, judeus e gentios. Através da propiciação a salvação pode ser apropriada pela fé.

A palavra grega hilasteryon é muito importante. Ela remonta a tampa da arca que era conhecida como o propiciatório. Era nesse lugar que o sangue de um cordeiro perfeito e inocente era derramado sobre os pecados de todo o povo. É uma figura da cruz e do sangue derramado do cordeiro. O sacrifício de propiciação que Cristo ofereceu ao seu Pai desviou toda a sua ira que estava direcionada sobre os pecadores, para Ele mesmo. Quando Cristo recebeu a justiça de Deus sobre si, desviou a sua ira e fez Deus Pai favorável a nós que cremos. Cristo recebeu a justiça e Cristo se tornou a nossa Justiça. Já não há mais divida. Esse é o significado de imputação. Ele perdoou o que devíamos ao Pai e colocou em nossa conta a sua própria justiça. Não apenas uma quantidade necessária, mas o que sobeja, isto é, Ele próprio. O filho fez propiciação e o Pai recebeu a oferta e perdoou.

Note que Deus estava irado com o pecador e Ele derramou toda a sua ira sobre Cristo na Cruz. Essa era a finalidade do madeiro, lugar onde Deus se tornou justo e justificador. O Deus justo julgou o pecado em seu Filho, e por isso pode justificar. Essa justiça é oferecida por Deus a todos, por que todos pecaram e carecem da glória de Deus. Somente a cruz satisfez a justiça de Deus. Somente ela pagou a nossa divida, desviou a ira de Deus e nos tornou justos em Cristo. Sim, ainda pecamos, mas em cristo estamos assentados nas regiões celestiais. Não somos ainda o que deveríamos ser, mas pela graça de Cristo não somos o que éramos e caminhamos para ser o que Cristo é.

Essa graça não é barata. Ela é cara, pois custou o preço de Deus. Não podemos baratear a morte de Cristo usando dessa graça para justificar os nossos pecados. Esse sacrifício é de valor inestimável. Realmente é verdade que a salvação é pela graça, mas não foi de graça. Mas o que deve estar bem claro é que esse sacrifício não custou nada para nós, mas sim para Deus Pai.  Tudo o que venhamos a fazer para pagar essa ação de graça é ínfimo diante de nossa divida. Nada do que venhamos a fazer pagará o que Deus fez por nós. Custou caro para Deus, mas nada para o pecador. Essa divida foi liberada através de nosso fiador, Cristo. Isso é graça. 

Nada ficou para trás para ser quitado. O nosso senhor cancelou o que devíamos.  Não há mais meritocracia, nem obras para sermos perdoados. Nada mais é necessário para Deus ser justo e justificador daqueles que confiaram na cruz. O que sobra para nós é apenas gratidão pelo o que a trindade realizou em nosso favor. Gratidão que é demonstrada pela obediência a sua vontade, que nós conhecemos como santidade.

Soli Deo Gloria

Silas Carvalho

terça-feira, 12 de maio de 2015


A Igreja cimentadas na Rotina What is the worst enemy the church faces today?

A. W. Tozer

Qual é o pior inimigo da Igreja enfrenta hoje? This is where a lot of unreality and unconscious hyprocrisy enters. Este é o lugar onde um monte de irrealidade e hipocrisia inconsciente entra. Many are ready to say, "The liberals are our worst enemy." Muitos estão prontos a dizer: "Os liberais são o nosso pior inimigo." But the simple fact is that the average evangelical church does not have too much trouble with liberalism. Mas o simples fato é que a igreja evangélica média não tem muito problema com o liberalismo. Nobody gets up in our churches and claims that the first five books of Moses are just myths. Ninguém entra em nossas igrejas e afirma que os primeiros cinco livros de Moisés são apenas mitos. Nobody says that the story of creation is simply religious mythology. Ninguém diz que a história da criação é simplesmente mitologia religiosa. Nobody denies that Christ walked on the water or that He rose from the grave. Ninguém nega que Cristo andou sobre a água ou que Ele ressuscitou dos mortos. Nobody gets up in our churches and claims that Jesus Christ is not the Son of God or that He isn't coming back again. Ninguém entra em nossas igrejas e afirma que 
Jesus Cristo não é o Filho de Deus ou que Ele não está voltando novamente. Nobody denies the validity of the Scriptures. Ninguém nega a validade das Escrituras. We just cannot hide behind liberalism and say that it is our worst enemy. Nós apenas não pode se esconder atrás liberalismo e dizer que ele é o nosso pior inimigo. We believe that evangelical Christians are trying to hold on to the truth given to us, the faith of our fathers, so the liberals are not our worst enemy. Acreditamos que os cristãos evangélicos estão tentando segurar a verdade que nos foi dado, a fé de nossos pais, de modo que os liberais não são o nosso pior inimigo. Neither do we have a problem with the government. Nem temos um problema com o governo. People in our country can do just about whatever they please and the government pays no attention. As pessoas em nosso país pode fazer praticamente o que quiserem e que o governo não presta atenção. We can hold prayer meetings all night if we want, and the government would never bother us or question us. Nós podemos ter reuniões de oração durante toda a noite, se quisermos, e que o governo nunca iria nos incomodar ou questionar-nos. There is no secret police breathing down our backs watching our every move. Não há polícia secreta de respiração em nossas costas assistindo todos os nossos movimentos. We live in a free land, and we ought to thank God every day for that privilege. Nós vivemos em uma terra livre, e nós devemos dar graças a Deus todos os dias por esse privilégio. 
The treacherous enemy facing the church of Jesus Christ today is the dictatorship of the routine, when the routine becomes "lord" in the life of the church. O inimigo traiçoeiro da igreja de Jesus Cristo, hoje, é a ditadura da rotina, quando a rotina se torna "senhor" na vida da igreja. Programs are organized and the prevailing conditions are accepted as normal. Os programas são organizados e as condições prevalecentes são aceitos como normal. Anyone can predict next Sunday's service and what will happen. Qualquer um pode o que vai acontecer no próximo domingo. This seems to be the most deadly threat in the church today. Esta parece ser a ameaça mais mortal na igreja hoje. When we come to the place where everything can be predicted and nobody expects anything unusual from God, we are in a rut. Quando chegamos ao lugar onde tudo pode ser previsto e ninguém espera nada de anormal de Deus, estamos em um barranco. The routine dictates, and we can tell not only what will happen next Sunday, but what will occur next month and, if things do not improve, what will take place next year. Os ditames da rotina é o que podemos dizer não só o que vai acontecer no próximo domingo, mas o que vai acontecer no próximo mês e, se as coisas não melhorarem, o que terá lugar no próximo ano. Then we have reached the place where what has been determines what is, and what is determines what will be.


Então chegamos ao lugar onde o que tem sido determina o que é, e o que é determina o que será.
Jesus Sobre o Madeiro



“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro (árvore), os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados.” (1Pedro 2:24).
Uma ilustração muito interessante sobre esse fato encontramos no Salmo 22, aquela
descrição profética dos sofrimentos e morte de Cristo na cruz, escrito há mil anos antes de seu cumprimento. Em meio aos Seus sofrimentos, o Senhor Jesus exclama em Seu coração: “Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo”. (Salmo 22:6).

Na profecia paralela a esta, proferida pelo profeta Isaías, foi dito que “...o seu aspecto estava mui desfigurado (literalmente “a corrupção personificada”) mais do que outro qualquer, e a sua aparência, mais que a dos outros filhos dos homens” (Isaías 52:14), de forma que ele não se parecia com homem algum. Isaías igualmente disse que Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Isaías 53:3). Mas de que forma ele poderia ter sido comparado a um verme?

No Israel antigo, como no mundo moderno, havia muitos tipos de vermes, e muitos tipos diferentes são mencionados na Bíblia. Mas o verme ao qual o Salmo 22:6 refere-se era um tipo especial, conhecido como o “verme escarlate”. Era deste verme que se obtinha uma valiosa secreção com a qual se faziam tintas escarlates. Na verdade, a mesma palavra - verme - é algumas vezes traduzida por “escarlate” ou “carmesim”.

Quando a fêmea dessa espécie de verme escarlate estava prestes a dar a luz aos seus filhotes, ela pressionava seu corpo ao tronco de uma árvore, fixando-se tão firme e permanentemente que nunca mais poderia sair dali. Os ovos depositados sob seu corpo eram assim protegidos até que as larvas eram chocadas e pudessem nascer e entrar em seu próprio ciclo de vida. Quando a mãe morria, o fluido tingia seu corpo e a área ao redor do tronco da árvore onde ela estava fixada. Do corpo morto dessa fêmea-verme escarlate eram, então, extraídas as tintas escarlates na Antigüidade.

Que figura impressionante isso nos dá de Cristo morrendo na cruz, derramando Seu precioso sangue para que Ele pudesse “trazer muitos filhos à glória” (Hebreus 2:10)! Ele morreu por nós, para que pudéssemos viver através dele.


Henry M. Morris