quarta-feira, 29 de outubro de 2014


UMA CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE
 

Um engano tem sido perpetuado com respeito ao que FINNEY acreditava. A idéia comumente aceita é a de que ele era um Arminiano. Um pastor pentecostal, em seu site, afirmou que Charles Finney foi ordenado em uma igreja presbiteriana, e após romper com o Calvinismo, aceitou o Arminianismo, embora alguns o identifiquem como seguidor de Pelágio (AGUIAR, 2008) Mas as suas doutrinas provam que ele não era Arminiano, mas sim um seguidor de Pelágio. Portanto, a ignorância sobre Finney e sua teologia chega a tal ponto que duas casas publicadoras evangélicas, recomendam com todas as grandezas de um grande teólogo, aquilo que tem que ser repensado no seio da igreja.

Assim a (CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS) apresenta, em seu site, a Teologia sistemática de Charles Finney:

 

Charles Finney foi o maior evangelista desde os tempos apostólicos. Suas convicções teológicas nasceram no fogo do avivamento e foram formadas por uma consciência moldada pelo estudo do Direito e comprometida com a plena autoridade da Bíblia. Por tudo isso, a Igreja de hoje deve estudar suas posições sobre o governo moral de Deus, a natureza do homem, arrependimento, soberania, atributos do amor, entre outros. (CPAD)

 

A nota de abertura da editora Vida, apresentado a obra de Garth Rosell e Richard Dupuis, As memórias originais de Charles Finney (VIDA, ANO), assim o descreve:

 

Charles Grandison Finney (1792-1875) foi um dos maiores evangelistas da América do Norte. Até hoje o testemunho de sua vida, pensamentos, lutas, realizações, amor incondicional a Deus e compromisso permanente com o Evangelho de Cristo é fonte poderosa de inspiração e exemplo para os cristãos. (VIDA)

 

Porém há uma diferença abismal entre o Arminianismo clássico e o Pelagianismo. JACOBUS ARMINIUS foi bem enfático em sua rejeição ao Pelagianismo.

 

A respeito da graça e do livre-arbítrio, o ensino conforme as escrituras e o consentimento ortodoxo: o livre-arbítrio não tem a capacidade de fazer ou aperfeiçoar qualquer bem espiritual genuíno sem a graça. Para que não se diga que eu, assim como Pelágio, cometo uma falácia em relação à palavra “graça”, esclareço que com ela me refiro à graça de Cristo necessária para a iluminação da mente, para o devido controle das emoções e para a inclinação da vontade ao que é bom. É a graça que [...] força a vontade a colocar em prática boas idéias e os bons desejos. Essa graça [...] antecede, acompanha e segue; ela nos desperta, assiste, opera para que queiramos o bem, coopera para que não o queiramos em vão. Ela afasta as tentações, ajuda e oferece socorro em meio às tentações, sustenta o homem contra a carne, o mundo e Satanás, e nessa grande luta concede ao homem satisfação e vitória [...]. A graça é principio da salvação; é o que promove, aperfeiçoa e consuma. Confesso que a mente [...] do homem natural e carnal é obscura e escura, que suas afeições são corruptas e imoderadas, que sua vontade é obstinada e desobediente e que o próprio homem está morto em pecados. (FERREIRA: MYATT, 2007)

 

Diferentemente de Pelágio, Arminio cria que o homem estava morto no pecado, não tinha capacidade moral e nenhuma liberdade para escolher nada, pois sua vontade era escrava.

Segundo (R.C SPROL, 2001), a estrutura arminiana original é a crença de que a graça é uma condição necessária para a salvação, mas não uma condição suficiente para a mesma salvação. A graça capacita o homem para submeter-se a Cristo.  Apesar de Arminio crer que o homem coopera com o Espírito Santo na obra da salvação, ele nunca negou o pecado original e o estado de ruína herdado pelo homem, por isto FINNEY rompeu radicalmente com a tradição calvinista, e também com a arminiana, construindo outra doutrina, que em nada se assemelha aos ensinos de Arminio, mas baseia-se na doutrina de Pelágio.

Agostinho foi um feroz inimigo desta doutrina e durante toda a sua vida a atacou. Segundo Agostinho, a diferença entre o semi-pelagianismo, isto é, Arminianismo, e o Pelagianismo, é que o último era herético e o primeiro estava errado. Ele tinha os Arminianos como irmãos em Cristo, mas entendia que seguiam um erro teológico, enquanto os pelagianos eram heréticos e não dignos de sua atenção.

Como escreveu AMES, citado por Ferreira & Myatt, o arminianismo não é corretamente uma heresia, mas um erro perigoso na fé, que tende à heresia, e para a heresia pelagiana, porque nega que a operação efetiva da graça interna é necessária para efetuar a salvação. (FERREIRA; MYATT, 2007)

FINNEY rejeitou o Calvinismo e foi além dos limites da ortodoxia, abraçando o Pelagianismo. Portanto nada há de Arminianismo em sua doutrina, como muitos crêem, e a este respeito HORTON assim concluiu:

 

Deste modo, na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é pecador por natureza, a expiação realmente não é um pagamento pelo pecado, a justificação por meio da imputação é um insulto à razão e à moralidade, o novo nascimento é apenas o resultado da utilização de técnicas bem-sucedidas, e o avivamento é o resultado natural de campanhas inteligentes. [...] O avivalista não apenas abandonou o princípio fundamental da Reforma (a justificação), tornando-se um rebelde contra o cristianismo evangélico, como também rejeitou as doutrinas que têm sido acreditadas por católicos e protestantes (tais como o pecado original e a expiação vicária). Por isso, Finney não é simplesmente um arminiano, mas um pelagiano. Ele não é apenas um inimigo do protestantismo evangélico, mas também do cristianismo histórico, no mais abrangente sentido da palavra. (HORTON, 1995).

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