O MISTÉRIO DA INIQUIDADE
II tessalonicenses 2. 7 a 10
Porque já o mistério da injustiça opera;
somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo
assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o
poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça
para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que
creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não
creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.
Sempre houve muita curiosidade no
meio da igreja de quando e como será volta de Cristo. Os discípulos eram
perseguidos pelas palavras escatológicas de nosso Senhor até que por fim lhe
perguntaram sobre os últimos dias, como está descrito no sermão profético. Mais
eu não sei se os discípulos entenderam as palavras de Jesus. Creio que o Senhor
obscureceu mais do que esclareceu. Não porque ele queria que isso acontecesse,
mas porque não temos capacidade de compreender suas palavras. E isso é revelado
em Atos capitulo primeiro quando os discípulos perguntam novamente sobre a sua vinda.
A conseqüência de sua dúvida foi uma repreensão por parte de nosso Senhor. E eu
creio que essa busca por desvendar o mistério não era diferente para a igreja
em Tessalônica.
Em sua primeira carta, Paulo
orienta os irmãos sobre o retorno de Cristo para reunir os santos, vivos e
mortos. Parece que Paulo fala do arrebatamento na primeira carta, mais fala da
segunda vinda de Cristo na carta posterior. A forma que Paulo escreveu a
primeira carta parecia que o Senhor viria na manhã seguinte. Mas esse não era
sua intenção. O que o apóstolo tinha em sua mente era despertar a vigilância
daqueles irmãos. Sua real intenção era que eles vivessem em um estado de
expectativa constante para não serem pegos de surpresa.
Por que esse assunto em sua
carta? Por causa do sofrimento da igreja em Tessalônica. Aqueles santos
passavam por uma dificuldade sem igual. Havia uma forte perseguição por parte
de Roma, e a situação era terrível para a igreja. As palavras que seriam para
confortar surtiram um efeito contrário. Já que o Senhor voltaria logo, então
porque me ocupar nas coisas dessa vida? Alguns deixaram tudo de lado, inclusive
o trabalho e trouxeram problemas para a própria igreja. Outros, pela excitação
da mensagem começaram a alegar terem recebidos revelações de Deus ou uma
palavra especial de Paulo dizendo que o fim está próximo. E o apóstolo corrige
esse erro em sua segunda epístola.
Como Paulo corrige essa
distorção?
Primeiro: ele diz que antes que o Senhor venha, alguns eventos terão
que acorrer. Antes que venha o fim, um governante maligno surgirá no cenário
mundial. Ele será conhecido como o homem do pecado e reclamará para si toda a
autoridade, tanto secular como divina, assim como exigirá a total submissão dos
homens à sua lei, que inclusive deverão prestar-lhe adoração. Alguns
comentaristas dizem que ele chegará ao ponto de se assentar no templo de Deus
fisicamente. Mas parece ser um modo metafórico de expressar seu desafio a Deus,
como é visto no Antigo testamento. Esse iníquo terá poderes
satânicos para enganar os homens e desviá-los da verdade. A essência de seu
caráter é sua iniqüidade. Ele desafia tanto a lei de Deus como as leis da
humanidade, insistindo que somente a sua vontade é lei.
Segundo: O aparecimento desse
homem será acompanhado ou precedido pela apostasia. Essa palavra, apostasia, é
traduzida como abandono, afastamento. O entendimento que se chega à maioria da
interpretação dos pregadores é de uma apostasia dentro da igreja. Mas a
tradução exata é rebelião, revolta de um modo geral. Diante disso nós temos:
Iniquidade, que é a rebelião as
leis divinas e humanas.
Apostasia, abandono, o desapego
as leis.
Esses são os fenômenos que
ocorrerão antes da vinda do Senhor Jesus. As duas palavras apontam para a mesma
coisa. A ideia não é nem tanto se desviar do Senhor em direção a apatia, mas
sim um posicionamento deliberado de uma violenta oposição a Deus. Essa rebelião
já estava operando nos tempos de Paulo e será um evento definitivo e
apocalíptico no fim dos dias.
O anticristo se oporá a toda a
autoridade divina, como será apoiado por uma rebelião geral contra Deus. O
iníquo terá seu poder instituído por uma sociedade iníqua. Essa sociedade
apoiará esse homem porque estará vivendo uma violenta iniquidade. O papel das
mídias, dos políticos, da ONU, do cinema, e de tantos outros meios é implantar
essa rebelião. O novo modo de pensar que surgiu através do advento da pós-modernidade,
onde já não há mais limites e nem absolutos, foi à cartada de mestre da mente
por detrás do desenrolar dessa trama.
Eu sempre me perguntei como,
diante de tantos filmes, documentários, livros e artigos seculares sobre o
anticristo, o mundo e a própria “igreja” aceitará esse líder. E a resposta é a
iniquidade. Ela cegará o entendimento de todos os que já estão predispostos a
isso.
A operação do erro não é algo
novo. Ele sempre esteve em operação nos grandes impérios mundiais. Na verdade
eles são os propagadores desse mistério. Mas algo os detinha. Alguma coisa
restringiu e ainda restringe o aparecimento do iníquo, o homem do pecado. O
problema é que Paulo não nos revela esse algo, o principio restritivo
claramente. No entanto ele diz que quando esse algo for tirado, o iníquo se revelará.
Há várias interpretações sobre
quem e o que restringe esse mistério de ser revelado. A mais forte é que o Espírito
Santo, a igreja, ou os dois juntamente detém a revelação do iníquo. O
arrebatamento seria a forma que Deus os tiraria deste mundo e deixaria, dessa
forma, o caminho livre para ele. Mas o problema é que não há base bíblica para
dizer que o Espírito Santo será tirado. E mais, está bem claro que uma parte da
igreja não será arrebatada.
Outros que dizem que é a obra
missionária de Paulo que se torna o empecilho. Estes creem que o evangelho tem
que ser pregado em todo mundo para que diante disso o fim venha. A obra
missionária seria aquilo que detém o aparecimento do anticristo. Essa visão é
muito forte em nosso meio e teve como o seu principal propagador, Oswald Smith,
e seu livro paixão por almas. Creio que a dificuldade dessa interpretação se
encontra na questão de qual geração ele está focando. E é simples entender
isso. Onde o evangelho não pode entrar hoje, no passado era o berço da obra
missionária dos discípulos. Onde eu preciso pregar para cumprir a profecia, há
muito tempo atrás eram lugares já evangelizados. Então temos que restringir
essa interpretação a uma geração. Se não foi a de Paulo, tem que ser a nossa.
E uma terceira interpretação, e
aquela que quero discutir nessas linhas, é que o principio restritivo
seria o império romano, onde a pessoa do imperador restringia o aparecimento do
iníquo. O interessante é que Paulo via a magistratura, mesma a Roma pagã, como
ministro de Deus para o nosso bem, como está descrito em Romanos 13.4. O
imperador nessas circunstâncias era nada mais que Nero, o assassino de cristãos.
A questão não era obedecer às leis imorais, mas as morais, aquelas leis
constitucionais que zelam pela preservação da sociedade e para o bem comum de
um país.
Apesar de toda a imoralidade de Roma, esse império era baseado em leis
que regiam o bom funcionamento do estado e dos cidadãos. Nero não tinha poder
absoluto naquela época. O senado tinha autoridade e lutou contra as loucuras
desse imperador. Portanto, o que Paulo via como o principio restritivo para o
aparecimento do iníquo era a revolta contra as leis de Deus, não somente as
suas leis reveladas na Bíblia, mas as constituídas na moral que zelam pelo bem
comum.
Deus ordenou que as autoridades humanas
preservassem a ordem, isto é, aprovem aqueles que fazem o bem e que puna os que
fazem o mal. Quando isso é feito, a vontade legal de Deus é estabelecida. Deus
é glorificado quando suas leis divinas são observadas, assim como a lei secular é observada, pois elas vêem
da mesma autoridade e é para o bem da humanidade.
Essa lei instituída em uma
sociedade, país, tribo ou nação é a vontade de Deus e seu governo sendo
estabelecido. Ele limita os mais obscuros desejos humanos. Ele restringe a
pecaminosidade, a injustiça, e quando pecadores como nós evitamos pela lei, tanto
gravada em nossos corações como a lei humana de cometermos pecados contra o
próximo, Deus é glorificado nisso. O senso moral do ser humano impõe limites
para sua natureza egoísta e pecadora. Alguns conseguem se impor sobre sua
vontade, outro se rendem a sua natureza.
Então, se a vontade de Deus é a
lei instituída, a antítese dessa lei estabelecida é a iniquidade, rebelião, a
divinização do estado, de modo que este não seja mais um instrumento da lei, da
ordem, mas um sistema totalitário que desafia a Deus e exige culto por parte
dos homens. E quem são eles? Todos os
sistemas que trabalham com esse propósito, seja o nazismo, o comunismo, ou
qualquer forma de governo que se levante contra Deus. E qual é a função do
atual governo brasileiro? Estabelecer uma lei que trás ordem e moral para esse
país? Creio que não. As Leis que estão sendo implantadas no Brasil são leis que
desafiam a autoridade da Bíblia e de Deus. E quando olhamos para a América do Sul a nossa
situação é critica porque na grande maioria os governos são satânicos. Eles
estão derrubando todo tipo de liberdade constitucional em todo território
americano com a propaganda dos direitos humanos, direitos que declaram a
independência do homem com respeito ao seu Criador. O que é isso senão o antigo
satanismo.
Esse é o plano para que o
anticristo venha. Derrube todo tipo de nação que tenham sua constituição
baseadas em Deus, princípios morais ou na Bíblia e teremos um governo demoníaco
presente. Governo que prepara o caminho para o iníquo. Entende agora o porquê
de se implantar uma sociedade desprovida de absolutos? O governo iníquo com uma
sociedade iníqua dará todo o poder ao iníquo. Esse é o objetivo da nova ordem
mundial: quebrar toda lei humana e divina que seja estabelecida em Deus. Daniel
nos ensina esse principio no capitulo 7 verso 25 de seu livro:
Ele (o anticristo), falará contra o Altíssimo, oprimirá seus santos e
tentará mudar os tempos e as leis.
Paulo estava vendo um dia em que
a regência da lei sucumbirá, quando a ordem política será exterminada e assim,
será ineficaz de continuar a restringir o principio da iniqüidade. Todas as
leis absolutas e que estejam relacionadas à moral serão destruídas. O
relativismo será implantado. O que importa é o seu desejo e suas insaciáveis
imoralidades. Assassinamos a Deus e, portanto, tudo nos é permitido. É a lei do
thelema em ação: faze o que queres há de ser o todo da lei.
Então, como a igreja apostata
aceitará essas coisas? Como ela aceitará esse governo tirânico e satânico? A
resposta é o mistério da iniquidade operando nos filhos da desobediência,
cegando seus olhos para não verem o óbvio.
Lei por lei, ato por ato, a iniquidade está sendo implantada diante de
nós. Olhe nossos jovens como estão. Você acha que isso é coincidência? É o
espírito da época que opera em suas vidas. E o espírito da época tem operado de
uma forma assustadora nesses dias. Tem se aceitado o absurdo em nome do bem
comum, bem que só destruirá nossas famílias, enquanto as famílias de nossos
inimigos continuam firmes e fortes.
Mas graças a Deus que no fim
aquela rocha que se soltou da montanha sem auxílio de mãos humanas atingirá os
pés da grande estátua e colocará tudo abaixo. Nunca mais iniquidade, nunca mais
injustiça. Não haverá mais sinal de um reino iníquo e nem do iníquo. O Deus
soberano estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será
dominado por nenhum outro povo. Os reinos deste mundo se tornarão
de nosso Senhor e do seu Cristo e ele, juntamente com seus, reinarão eternamente.
Que a oração da igreja e o seu
clamor se junte ao clamor do Espirito Santo nesses últimos dias:
Amém, Vem Senhor Jesus.
Amém, Vem Senhor Jesus.
Soli Deo Gloria
Silas Carvalho