Emanuel, Deus entre nós.
Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL,
Que traduzido é: Deus conosco.
A encarnação de Deus é algo único somente no cristianismo. Apenas
no evangelho é possível o Criador e sustentador de todas as coisas se tornar um
simples carpinteiro. E o motivo disso é que na história da redenção Deus
precisava ser homem e o salvador precisava ser Deus. E essa verdade é essencial
para o evangelho. Os primeiros pensadores cristãos diziam que Deus fora
humanizado e o homem fora divinizado.
O Verbo, a palavra eterna e criadora se tornou carne e viveu
entre nós. O Apóstolo João nos diz que ele viu esse verbo, e não somente isso,
ele tocou, ouviu, conversou, viveu com ele. E isso é tremendo. Como pode O
criador descer a um nível tão baixo como o do Senhor Jesus? Ele era um simples
homem e de tão simples que nem se diferenciava dos seus discípulos. Entende
agora por que um judeu não podia crer nessa loucura? Julgamos tanto a atitude
daqueles que rejeitaram a Cristo, mas se nós estivéssemos lá, talvez, agiríamos
como eles ou ainda pior do que eles.
Julgarmos com toda a luz que temos é fácil.
Mas essa grande verdade distintiva do evangelho trouxe também
muitas controvérsias para a igreja. Pensava-se no início que Deus era imutável,
isto é, a sua substância não poderia ser mudada ao ponto de se tornar matéria.
A influência platônica era muito forte entre os primeiros pensadores. Como Deus
pode ser tornar matéria, essa mesma matéria má que queremos nos ver livre,
pensavam alguns lideres da igreja primitiva. Nós homens esperamos nossa
libertação desse corpo, e Deus se coloca debaixo dessa escravidão? Não! Jesus
não assumiu um corpo material, mas apenas um corpo aparente. Era o que pensava os
que seguiam o Docetismo diante dessa verdade tão absurda aos olhos humanos.
Como pode um Deus todo poderoso, imutável, eterno, imperturbável pelo tempo e
emoção, vir e se tornar um simples homem? Um simples servo? O grande Eu Sou,
criador do Universo, sujeito as limitações humanas, deu um nó na cabeça dos
primeiros teólogos cristãos.
É possível esse Deus tão tremendo se tornar como um de nós,
meros homens? Sim, é possível. E por ser possível, a nossa salvação foi garantida,
assegurada, obtida. Na encarnação, Deus se tornou homem e entrou em nossa
história e assumiu todas as nossas experiências. Esse é o significado do seu
nome. Emanuel é Deus não somente conosco, mas igual a nós. Ele esteve entre
nós, vivendo, comendo, se divertindo, chorando, se entristecendo, menos
pecando, é claro. Ele assumiu a forma humana, mas não a natureza pecadora.
Nesta curta mensagem de Deus a José, o anjo comunica que o
Grande Eu Sou, é o Jesus se desenvolvendo no ventre de Maria. Deus parece
brincar com a razão humana. Aquele bebê que nasceu, cresceu, foi educado por
José e Maria é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele passou pelo processo
que cada um de nós passou. Gerado por nove meses até nascer de parto normal.
Foi amamentado e teve que aprender a andar. É algo realmente tremendo, para não
dizer louco.
Isso mostra o seu grande amor. Aquele que o universo não pode
conter se humilhou e por nove meses ficou limitado a um útero. Se ele viesse
como ele é, teríamos sido destruídos no primeiro contado com esplendor de sua
glória. Por isso ele se esvaziou e se humilhou e assim se tornou o filho do
homem. Essa era a expressão que nosso Senhor mais amava. Filho do Homem. E ela
trouxe conseqüências para o nosso Senhor. Ele agora não é como o Pai ou como O
Espírito Santo em aparência. Ele é como um de nós, ou melhor, como nós seremos.
É algo intrigante. Nós seremos como Ele em glória, mas não somente isso, nós
somos hoje o que Deus sempre intencionou para o seu Filho Jesus. Ele criou o
Homem porque O Filho se tornaria homem. De uma forma ou de outra seremos como
Cristo. Hoje ele tem as cicatrizes de seu amor sacrificial em seu corpo, algo
inimaginável. Como pode Deus ter cicatrizes. Mas o nosso Deus, o Deus homem
chamado Jesus, tem. Ele é Deus homem e Ele é o Homem divino. Isso nos trás uma
grande verdade. Seremos como ele, homens glorificados, homens divinizados.
Louco, né? Mas é verdade.
Ele não era carne, mas veio a ser. Nós não éramos divinos, mais
um dia seremos. A encarnação proporcionou essa verdade. Por isso como vemos que
tipo de homem Jesus é definirá se estamos salvos ou não. Para os docetas Ele
era somente Deus e não homem. Para Ário, ele era homem, mais não Deus como o
Pai É. Se Jesus, em sua grande obra de redenção não for Deus e nem homem unidos
em um só corpo, estamos ainda em nossos pecados, perdidos eternamente.
Sim, Jesus teve fome, sede, se cansou, sofreu dor e por fim,
morreu. Mas por outro lado, ele teve poder sobre a natureza, os demônios,
enfermidades e principalmente sobre a morte. Quem é esse Homem, então? Um ser
humano dotado de poderes divino? Talvez Deus, mas somente com aparência humana?
Ou ainda pior, aquele que é empregado do homem lhe dando tudo quanto este
queira?
Se alguém vê aquele simples carpinteiro de Nazaré como esse
tipo de coisa, está condenado caminhando para o inferno enganado pela astucia
de Satanás. O Galileu que dividiu a nossa história é o Deus todo poderoso
criador de todas as coisas e sustentador da vida. Mas ele também é homem, que
assumiu a forma de servo para nos libertar de nossa escravidão para que sejamos
um dia como que Ele É.
Crer nessa verdade é crucial para aqueles que foram
alcançados pelo evangelho. Aonde a razão não chega à fé deve assumir seu posto.
Aquilo que parece ser impossível ao homem moderno influenciado pelo
materialismo, é possível para o homem de fé que foi desafiado a crer. Ele é
Deus encarnado que está conosco e um dia se revelará como o Filho do homem.
Esta é a grande verdade que nos trouxe a tão esperada liberdade.
Não é possível que
alguém negue a divindade de Cristo e seja cristão. Ele recusa deliberadamente o
único caminho de fugir da ira vindoura. Não posso entender, nem acreditar que
tal homem entre pelos portais de pérola, se ele duvida ou desacredita da
divindade de nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, rejeitando a âncora
básica de nossa mais santa fé. C. H. Spurgeon
Soli Deo Gloria
Silas Carvalho
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