UMA
CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE
Um engano tem sido perpetuado com respeito ao que FINNEY acreditava. A idéia
comumente aceita é a de que ele era um Arminiano. Um pastor pentecostal, em seu
site, afirmou que Charles Finney foi ordenado em uma igreja presbiteriana, e
após romper com o Calvinismo, aceitou o Arminianismo, embora alguns o
identifiquem como seguidor de Pelágio (AGUIAR, 2008) Mas as suas doutrinas
provam que ele não era Arminiano, mas sim um seguidor de Pelágio. Portanto, a
ignorância sobre Finney e sua teologia chega a tal ponto que duas casas
publicadoras evangélicas, recomendam com todas as grandezas de um grande
teólogo, aquilo que tem que ser repensado no seio da igreja.
Assim a (CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS) apresenta, em seu site,
a Teologia sistemática de Charles
Finney:
Charles Finney foi o maior evangelista desde os tempos
apostólicos. Suas convicções teológicas nasceram no fogo do avivamento e foram
formadas por uma consciência moldada pelo estudo do Direito e comprometida com
a plena autoridade da Bíblia. Por tudo isso, a Igreja de hoje deve estudar suas
posições sobre o governo moral de Deus, a natureza do homem, arrependimento,
soberania, atributos do amor, entre outros. (CPAD)
A nota de abertura da editora Vida, apresentado a obra de Garth Rosell e
Richard Dupuis, As memórias originais de
Charles Finney (VIDA, ANO), assim o descreve:
Charles Grandison Finney (1792-1875) foi um dos
maiores evangelistas da América do Norte. Até hoje o testemunho de sua vida,
pensamentos, lutas, realizações, amor incondicional a Deus e compromisso
permanente com o Evangelho de Cristo é fonte poderosa de inspiração e exemplo
para os cristãos. (VIDA)
Porém há uma diferença abismal entre o Arminianismo clássico e o
Pelagianismo. JACOBUS ARMINIUS foi bem enfático em sua rejeição ao
Pelagianismo.
A respeito da graça e do livre-arbítrio, o ensino
conforme as escrituras e o consentimento ortodoxo: o livre-arbítrio não tem a
capacidade de fazer ou aperfeiçoar qualquer bem espiritual genuíno sem a graça.
Para que não se diga que eu, assim como Pelágio, cometo uma falácia em relação
à palavra “graça”, esclareço que com ela me refiro à graça de Cristo necessária
para a iluminação da mente, para o devido controle das emoções e para a inclinação
da vontade ao que é bom. É a graça que [...] força a vontade a colocar em prática
boas idéias e os bons desejos. Essa graça [...] antecede, acompanha e segue;
ela nos desperta, assiste, opera para que queiramos o bem, coopera para que não
o queiramos em vão. Ela
afasta as tentações, ajuda e oferece socorro em meio às tentações, sustenta o
homem contra a carne, o mundo e Satanás, e nessa grande luta concede ao homem
satisfação e vitória [...]. A graça é principio da salvação; é o que promove,
aperfeiçoa e consuma. Confesso que a mente [...] do homem natural e carnal é
obscura e escura, que suas afeições são corruptas e imoderadas, que sua vontade
é obstinada e desobediente e que o próprio homem está morto em pecados. (FERREIRA:
MYATT, 2007)
Diferentemente de Pelágio,
Arminio cria que o homem estava morto no pecado, não tinha capacidade moral e
nenhuma liberdade para escolher nada, pois sua vontade era escrava.
Segundo (R.C SPROL, 2001), a estrutura arminiana original é a crença de que
a graça é uma condição necessária para a salvação, mas não uma condição
suficiente para a mesma salvação. A graça capacita o homem para submeter-se a
Cristo. Apesar de Arminio crer que o
homem coopera com o Espírito Santo na obra da salvação, ele nunca negou o
pecado original e o estado de ruína herdado pelo homem, por isto FINNEY rompeu
radicalmente com a tradição calvinista, e também com a arminiana, construindo outra
doutrina, que em nada se assemelha aos ensinos de Arminio, mas baseia-se na
doutrina de Pelágio.
Agostinho foi um feroz inimigo desta doutrina e durante toda a sua vida a
atacou. Segundo Agostinho, a diferença entre o semi-pelagianismo, isto é,
Arminianismo, e o Pelagianismo, é que o último era herético e o primeiro estava
errado. Ele tinha os Arminianos como irmãos em Cristo, mas entendia que seguiam
um erro teológico, enquanto os pelagianos eram heréticos e não dignos de sua
atenção.
Como escreveu AMES, citado por Ferreira
& Myatt, o arminianismo não é corretamente uma heresia, mas um erro
perigoso na fé, que tende à heresia, e para a heresia pelagiana, porque nega
que a operação efetiva da graça interna é necessária para efetuar a salvação. (FERREIRA;
MYATT, 2007)
FINNEY rejeitou o Calvinismo e foi além dos limites da ortodoxia,
abraçando o Pelagianismo. Portanto nada há de Arminianismo em sua doutrina,
como muitos crêem, e a este respeito HORTON assim concluiu:
Deste
modo, na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é pecador por
natureza, a expiação realmente não é um pagamento pelo pecado, a justificação
por meio da imputação é um insulto à razão e à moralidade, o novo nascimento é
apenas o resultado da utilização de técnicas bem-sucedidas, e o avivamento é o
resultado natural de campanhas inteligentes. [...] O avivalista não apenas
abandonou o princípio fundamental da Reforma (a justificação),
tornando-se um rebelde contra o cristianismo evangélico, como também rejeitou
as doutrinas que têm sido acreditadas por católicos e
protestantes (tais como o pecado original e a expiação vicária). Por isso,
Finney não é simplesmente um arminiano, mas um pelagiano. Ele não é
apenas um inimigo do protestantismo evangélico, mas também do cristianismo
histórico, no mais abrangente sentido da palavra. (HORTON, 1995).
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