quarta-feira, 29 de outubro de 2014


REGENERAÇÃO


A conseqüência imediata de se rejeitar a doutrina do pecado original é a idéia de que a regeneração não seja um milagre, uma transformação sobrenatural, operada pelo Espírito Santo. Antes, é a decisão do próprio pecador se voltar para Deus e obedecê-lo.

Mas, por que haveria uma transformação se não há nada para ser transformado? Se não há uma natureza pecaminosa que torna o homem escravo do pecado, por que ele precisaria de um novo nascimento?

De acordo com (HORTON, 1997), FINNEY acreditava que o homem já possui, por natureza, toda a habilidade necessária para prestar perfeita obediência a Deus, portanto o objetivo do ministro é emocionar as pessoas até que se disponham à obediência divina.

Para FINNEY:

 

Regeneração é o termo usado por alguns teólogos para expressar a agência divina na mudança do coração. Para eles, a regeneração não inclui nem implica a atividade do indivíduo, antes o exclui [...] sustentam que uma mudança de coração é primeiro

efetivada pelo Espírito Santo enquanto o indivíduo é passivo; tal mudança forma uma base para o exercício, pelo individuo, de arrependimento, fé e amor. (FINNEY, 2004)

 

É possível notar a inconformidade e o desprezo de FINNEY pela doutrina da regeneração, segundo o Calvinismo. Os teólogos a que se refere são Agostinho, Aquino, Lutero, Calvino, Spurgeon, Wesley e tantos outros que criam e pregavam o dogma da depravação moral constitutiva, isto é, o pecado original. Em conclusão define a sua teologia com respeito a regeneração:

 

Vimos que o indivíduo é ativo na regeneração, que a regeneração consiste em o pecador mudar a sua escolha, intenção, preferência última; ou em mudar de egoísmo para o amor ou benevolência; ou em outras palavras, em voltar-se da suprema escolha da gratificação própria para o supremo amor a Deus equivalente ao seu próximo. É claro que o objeto da regeneração deve ser o agente na obra. (FINNEY, 2004)

 

FINNEY acreditava que o homem é o agente da regeneração. Com respeito a esta concepção teológica, (SPROL, 1997) escreveu que homem algum, em seu estado de morte espiritual, tem poder para ressuscitar a si mesmo.

Para o teólogo, o Espírito Santo deveria agir manifestando um poder igual ou ainda maior que o poder manifestado na criação do universo. Por isso a regeneração precede a fé, isto é, quando o pecador morto ouve o chamado eficaz do Espírito para crer em Cristo. Portanto, o pecador através da graça divina recebe a vida unicamente pela obra do Espírito, para que a honra seja dada somente a Deus e a ninguém mais.

 

A vontade não regeneradora opõe-se cheia de inimizade contra a graça, quando lhe é apresentada pela palavra de Deus. Desse modo os homens resistem ao Espírito, pois resistem à pregação da graça. Se tão somente a graça for apresentada à vontade, os homens sempre lhe resistirão. A inimizade em seus corações prevalecerá contra a pregação. Mas a obra de regeneração é interior, transformadora da essência da nossa natureza. A pregação dessa obra de regeneração não está dirigida a vontade, e não pode, portanto, sofrer a sua oposição, mas opera eficazmente nela, renovando-a maravilhosamente.

No primeiro ato da conversão a vontade não quer nem deseja ser a primeira a agir para ser regeneradora. Ao contrário, ela antes é renovada pela regeneração para só então desejar ou escolher. A vontade jaz passiva é inerte até que seja despertado pelo Espirito santo na regeneração. Ocorre uma secreta operação de poder onipotente e interior que produz ou opera em nós o desejo de sermos convertidos a Deus. Tal operação age em nossa vontade de tal maneira que nós, livres e alegremente, desejamos aquilo que Deus quer que desejemos e escolhamos que é fazer a sua vontade. (FERREIRA, MYATT, 2007).

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