REGENERAÇÃO
A conseqüência imediata de
se rejeitar a doutrina do pecado original é a idéia de que a regeneração não seja
um milagre, uma transformação sobrenatural, operada pelo Espírito Santo. Antes,
é a decisão do próprio pecador se voltar para Deus e obedecê-lo.
Mas, por que haveria uma transformação se não há nada para ser
transformado? Se não há uma natureza pecaminosa que torna o homem escravo do pecado,
por que ele precisaria de um novo nascimento?
De acordo com (HORTON, 1997), FINNEY acreditava que o homem já possui,
por natureza, toda a habilidade necessária para prestar perfeita obediência a
Deus, portanto o objetivo do ministro é emocionar as pessoas até que se
disponham à obediência divina.
Para FINNEY:
Regeneração é o termo usado por alguns teólogos para
expressar a agência divina na mudança do coração. Para eles, a regeneração não
inclui nem implica a atividade do indivíduo, antes o exclui [...] sustentam que
uma mudança de coração é primeiro
efetivada pelo Espírito Santo enquanto o indivíduo é
passivo; tal mudança forma uma base para o exercício, pelo individuo, de
arrependimento, fé e amor. (FINNEY, 2004)
É possível notar a inconformidade e o desprezo de FINNEY pela doutrina da
regeneração, segundo o Calvinismo. Os teólogos a que se refere são Agostinho,
Aquino, Lutero, Calvino, Spurgeon, Wesley e tantos outros que criam e pregavam
o dogma da depravação moral constitutiva, isto é, o pecado original. Em
conclusão define a sua teologia com respeito a regeneração:
Vimos que o indivíduo é ativo na regeneração, que a
regeneração consiste em o pecador mudar a sua escolha, intenção, preferência
última; ou em mudar de egoísmo para o amor ou benevolência; ou em outras
palavras, em voltar-se da suprema escolha da gratificação própria para o
supremo amor a Deus equivalente ao seu próximo. É claro que o objeto da
regeneração deve ser o agente na obra. (FINNEY, 2004)
FINNEY acreditava que o
homem é o agente da regeneração. Com respeito a esta concepção teológica, (SPROL,
1997) escreveu que homem algum, em seu estado de morte espiritual, tem poder
para ressuscitar a si mesmo.
Para o teólogo, o Espírito
Santo deveria agir manifestando um poder igual ou ainda maior que o poder
manifestado na criação do universo. Por isso a regeneração precede a fé, isto
é, quando o pecador morto ouve o chamado eficaz do Espírito para crer em Cristo. Portanto ,
o pecador através da graça divina recebe a vida unicamente pela obra do Espírito,
para que a honra seja dada somente a Deus e a ninguém mais.
A vontade não
regeneradora opõe-se cheia de inimizade contra a graça, quando lhe é
apresentada pela palavra de Deus. Desse modo os homens resistem ao Espírito,
pois resistem à pregação da graça. Se tão somente a graça for apresentada à
vontade, os homens sempre lhe resistirão. A inimizade em seus corações
prevalecerá contra a pregação. Mas a obra de regeneração é interior,
transformadora da essência da nossa natureza. A pregação dessa obra de
regeneração não está dirigida a vontade, e não pode, portanto, sofrer a sua
oposição, mas opera eficazmente nela, renovando-a maravilhosamente.
No primeiro ato da
conversão a vontade não quer nem deseja ser a primeira a agir para ser
regeneradora. Ao contrário, ela antes é renovada pela regeneração para só então
desejar ou escolher. A vontade jaz passiva é inerte até que seja despertado
pelo Espirito santo na regeneração. Ocorre uma secreta operação de poder
onipotente e interior que produz ou opera em nós o desejo de sermos convertidos
a Deus. Tal operação age em nossa vontade de tal maneira que nós, livres e
alegremente, desejamos aquilo que Deus quer que desejemos e escolhamos que é
fazer a sua vontade. (FERREIRA, MYATT, 2007).
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