quarta-feira, 29 de outubro de 2014


a expiação SEGUNDO a teologiA DE fINNEY


A partir da biografia de Charles Finney é possível perceber a fragilidade de sua teologia; FINNEY confessou que não havia lido nada sobre a expiação e o que havia encontrado sobre esse assunto, interpretou segundo os pressupostos legais. Ele cria que a morte de Cristo na cruz como expiação pelo pecado do homem, não tinha poder espiritual algum sobre o pecador, a não ser o de constrangê-lo. Portanto a cruz não teve outro fim a não ser servir de exemplo didático para o pecador.

Segundo (HORTON, 1995), FINNEY cria que, se Adão nos leva ao pecado, e isto ocorre não porque herdamos a sua culpa ou corrupção, e sim porque seguimos o seu exemplo, tal idéia nos conduz a pensar logicamente que Cristo, o segundo Adão, nos salva por meio de seu exemplo.

No entanto, nada do que pregou sobre a expiação era novo ou próprio dele, apenas repetia as palavras de pelo menos três teorias, que por fim ecoavam a voz de Pelágio sobre a expiação, unindo todas elas em um só ensinamento.

 

TEORIA DA INFLUÊNCIA MORAL

 

Desenvolvida inicialmente por Pedro Aberlado, esta teoria não recebeu muito apoio até ser popularizada por Horace Bushnell (1802-1876), nos Estados Unidos, e por Hastings Rashdall, na Grã-bretanha. Sustenta que Deus não exige o pagamento de um castigo pelo pecado, mas que a morte de Cristo era simplesmente um modo pelo qual Deus mostrou o quanto amava os seres humanos ao identificar-se, até a morte, com os sofrimentos deles. A morte de Cristo, então, torna-se um grande exemplo didático que mostra o amor de Deus por nós (TEOLOGIA CALVINISTA, 2007).

 

TEORIA SOCIANA

 

Ensinada pelos seguidores de Fausto Socino (1539-1604), tem seus melhores representantes nos unitaristas. A teoria rejeita qualquer idéia de uma satisfação vicária e diz que a morte de Cristo simplesmente nos provê de exemplo de como devemos confiar e obedecer a Deus, mesmo que essa confiança e obediência levem a uma morte horrível, apoiando-se em 1Pe 2:21. (TEOLOGIA CALVINISTA, 2007)

 

TEORIA GOVERNAMENTAL

 

Ensinada pela primeira vez por Hugo Grotius (1583-1645), a teoria sustenta que Deus não tinha realmente de exigir castigo pelo pecado, e uma vez que é onipotente, poderia deixar de lado essa exigência e simplesmente perdoar os pecados sem o pagamento de uma pena. Grotius viu a morte de Cristo apenas como um substituto da pena. O que Deus fez por meio da morte de Cristo foi demonstrar aquilo que a justiça de Deus exigira do homem caso continuasse pecando. Por causa da morte de Cristo, Deus tem condições de perdoar pecados sem romper a fibra moral do universo (TEOLOGIA CALVINISTA, 2007).

 

Todas essas teorias vão de encontro com a verdade do Evangelho de Jesus Cristo. FINNEY rejeitou a visão calvinista, entendendo que a expiação, por si mesma, não assegura a salvação de qualquer pessoa, não é um pagamento pelo pecado e também não era um fundamento para a justificação (FERREIRA: MYATT, 2007).

Assim SPROL descreve a visão bíblica e também calvinista da salvação:

 

Expiar é fazer emendas, é acertar as coisas; tanto o Antigo quanto o Novo Testamento deixam bem claro que todos os seres humanos são pecadores. Como nossos pecados são contra um Deus santo e infinito, que não pode nem mesmo olhar para o pecado, a expiação deve ser feita a fim de podermos ter comunhão com Deus [...] Não temos nenhuma oferta suficientemente valiosa, nenhuma obra suficientemente justa para fazer expiação por nossos próprios pecados. Somos devedores que não tem como pagar sua divida [...] Ao receber a ira de Deus na cruz, Cristo pode fazer expiação por seu povo. Ele carregou, ou recebeu sobre si o castigo pelos pecados da humanidade. Jesus fez expiação por eles aceitando o justo castigo devido por seus pecados [...] Na cruz, Jesus não somente tomou essa maldição sobre si, mas tornou-se "ele próprio maldição em nosso lugar" (Gl 3.13). Tomando a maldição de Deus sobre si, Jesus satisfez as exigências da santa justiça (1 Ts 1.10) [...] Jesus não morreu por si mesmo, mas por nós. Seu sofrimento foi vicário; ele foi o nosso substituto. Ele tomou nosso lugar assumindo o papel do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (SPROL, 1999)

 

Charles Finney não admitia a idéia de que a morte expiatória de Cristo fosse substitutiva e se exasperava com o ensinamento de que Jesus se ofereceu como uma satisfação penal a Deus. Em outras palavras, a idéia de um justo substituindo pecadores e pagando seus delitos a Deus, para FINNEY, não fazia sentido.

De acordo com Phillip R. Johnson, por excluir o pecador da imputação da justiça de Cristo, esta concepção automaticamente requer que os pecadores obtenham uma justiça de si próprios e quando abraçou tal concepção da expiação, FINNEY não teve nenhuma escolha a não ser adotar uma teologia que magnífica a capacidade humana e minimiza o papel de Deus na mudança do coração humano (JOHNSON, 1998).

FINNEY não cria que a expiação assegurava, garantia ou era à base da salvação do pecador. Na verdade, em FINNEY, a morte de Cristo não era garantia para nada, nem para o pagamento da dívida do pecador e muito menos para justificá-lo diante de Deus. Como escreveu Franklin Ferreira e Alan Myatt, esta teoria pressupõe que não foi Deus que se separou dos homens, mas são os homens que se afastaram de Deus (FERREIRA; MYATT, 2007)

Em suma, a visão finneyana cria que a morte de Cristo não foi um sacrifício (Hb 9:26), uma propiciação (1Jo 4:10), uma substituição (IS 53:5,6,12; 1Pe 2:24), uma reconciliação (2Co 5:18-19), e nem uma redenção (1Jo 5:19; Cl 1:13; Hb 2:15). A morte de Cristo, para FINNEY, não foi necessária para que Deus pudesse perdoar nossos pecados, servindo apenas para persuadir os pecadores a se arrependerem. Para ele, Deus está disposto a receber todos os homens independentes da cruz; ela não é necessária, pois Deus não necessita de satisfação. (FERREIRA; MYATT, 2007)

Nenhum comentário:

Postar um comentário