a expiação SEGUNDO a teologiA DE fINNEY
A partir da biografia de Charles Finney é possível perceber a fragilidade
de sua teologia; FINNEY confessou que não havia lido nada sobre a expiação e o
que havia encontrado sobre esse assunto, interpretou segundo os pressupostos
legais. Ele cria que a morte de Cristo na cruz como expiação pelo pecado do
homem, não tinha poder espiritual algum sobre o pecador, a não ser o de
constrangê-lo. Portanto a cruz não teve outro fim a não ser servir de exemplo
didático para o pecador.
Segundo (HORTON, 1995), FINNEY cria que, se Adão nos leva ao pecado, e
isto ocorre não porque herdamos a sua culpa ou corrupção, e sim porque seguimos
o seu exemplo, tal idéia nos conduz a pensar logicamente que Cristo, o segundo
Adão, nos salva por meio de seu exemplo.
No entanto, nada do que pregou sobre a expiação era novo ou próprio dele,
apenas repetia as palavras de pelo menos três teorias, que por fim ecoavam a voz
de Pelágio sobre a expiação, unindo todas elas em um só ensinamento.
TEORIA
DA INFLUÊNCIA MORAL
Desenvolvida inicialmente
por Pedro Aberlado, esta teoria não recebeu muito apoio até ser popularizada
por Horace Bushnell (1802-1876), nos Estados Unidos, e por Hastings Rashdall,
na Grã-bretanha. Sustenta que Deus não exige o pagamento de um castigo pelo
pecado, mas que a morte de Cristo era simplesmente um modo pelo qual Deus
mostrou o quanto amava os seres humanos ao identificar-se, até a morte, com os
sofrimentos deles. A morte de Cristo, então, torna-se um grande exemplo
didático que mostra o amor de Deus por nós (TEOLOGIA CALVINISTA, 2007).
TEORIA
SOCIANA
Ensinada pelos seguidores
de Fausto Socino (1539-1604), tem seus melhores representantes nos unitaristas.
A teoria rejeita qualquer idéia de uma satisfação vicária e diz que a morte de
Cristo simplesmente nos provê de exemplo de como devemos confiar e obedecer a
Deus, mesmo que essa confiança e obediência levem a uma morte horrível,
apoiando-se em 1Pe 2:21. (TEOLOGIA CALVINISTA, 2007)
TEORIA
GOVERNAMENTAL
Ensinada pela primeira vez
por Hugo Grotius (1583-1645), a teoria sustenta que Deus não tinha realmente de
exigir castigo pelo pecado, e uma vez que é onipotente, poderia deixar de lado
essa exigência e simplesmente perdoar os pecados sem o pagamento de uma pena.
Grotius viu a morte de Cristo apenas como um substituto da pena. O que Deus fez
por meio da morte de Cristo foi demonstrar aquilo que a justiça de Deus exigira
do homem caso continuasse pecando. Por causa da morte de Cristo, Deus tem condições
de perdoar pecados sem romper a fibra moral do universo (TEOLOGIA CALVINISTA,
2007).
Todas essas teorias vão de encontro com a verdade do Evangelho de Jesus
Cristo. FINNEY rejeitou a visão calvinista, entendendo que a expiação, por si
mesma, não assegura a salvação de qualquer pessoa, não é um pagamento pelo
pecado e também não era um fundamento para a justificação (FERREIRA: MYATT, 2007).
Assim SPROL descreve a visão bíblica e também calvinista da salvação:
Expiar é fazer
emendas, é acertar as coisas; tanto o Antigo quanto o Novo Testamento deixam
bem claro que todos os seres humanos são pecadores. Como nossos pecados são
contra um Deus santo e infinito, que não pode nem mesmo olhar para o pecado, a expiação
deve ser feita a fim de podermos ter comunhão com Deus [...] Não temos nenhuma
oferta suficientemente valiosa, nenhuma obra suficientemente justa para fazer expiação
por nossos próprios pecados. Somos devedores que não tem como pagar sua divida
[...] Ao receber a ira de Deus na cruz, Cristo pode fazer expiação por seu
povo. Ele carregou, ou recebeu sobre si o castigo pelos pecados da humanidade.
Jesus fez expiação por eles aceitando o justo castigo devido por seus pecados
[...] Na cruz, Jesus não somente tomou essa maldição sobre si, mas tornou-se
"ele próprio maldição em nosso lugar" (Gl 3.13). Tomando a maldição
de Deus sobre si, Jesus satisfez as exigências da santa justiça (1 Ts 1.10)
[...] Jesus não morreu por si mesmo, mas por nós. Seu sofrimento foi vicário;
ele foi o nosso substituto. Ele tomou nosso lugar assumindo o papel do Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo. (SPROL, 1999)
Charles Finney não admitia a idéia de que a morte expiatória de Cristo
fosse substitutiva e se exasperava com o ensinamento de que Jesus se ofereceu como
uma satisfação penal a Deus. Em outras palavras, a idéia de um justo
substituindo pecadores e pagando seus delitos a Deus, para FINNEY, não fazia
sentido.
De acordo com Phillip R. Johnson,
por excluir o pecador da imputação da justiça de Cristo, esta concepção
automaticamente requer que os pecadores obtenham uma justiça de si próprios e
quando abraçou tal concepção da expiação, FINNEY não teve nenhuma escolha a não
ser adotar uma teologia que magnífica a capacidade humana e minimiza o papel de
Deus na mudança do coração humano (JOHNSON, 1998).
FINNEY não cria que a expiação assegurava, garantia ou era à base da
salvação do pecador. Na verdade, em FINNEY, a morte de Cristo não era garantia
para nada, nem para o pagamento da dívida do pecador e muito menos para
justificá-lo diante de Deus. Como escreveu Franklin Ferreira e Alan Myatt, esta
teoria pressupõe que não foi Deus que se separou dos homens, mas são os homens
que se afastaram de Deus (FERREIRA; MYATT, 2007)
Em suma, a visão finneyana cria que a morte de Cristo não foi um sacrifício
(Hb 9:26), uma propiciação (1Jo 4:10), uma substituição (IS 53:5,6,12; 1Pe
2:24), uma reconciliação (2Co 5:18-19), e nem uma redenção (1Jo 5:19; Cl 1:13;
Hb 2:15). A morte de Cristo, para FINNEY, não foi necessária para que Deus
pudesse perdoar nossos pecados, servindo apenas para persuadir os pecadores a
se arrependerem. Para ele, Deus está disposto a receber todos os homens
independentes da cruz; ela não é necessária, pois Deus não necessita de
satisfação. (FERREIRA; MYATT, 2007)
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