O PAI DE TODAS AS HERESIAS
A palavra misticismo é derivada da palavra grega mustikos,
que significa alguém iniciado nos mistérios. Mas nem todo mundo tem acesso a
esses segredos, apenas algumas pessoas tem a revelação daquilo que é oculto
para a maioria das pessoas. Desse fato, surgem os gurus ou xamâs, que são o
intermediário entre a divindade e o ser humano comum. Eles são os oráculos do
divino. Aqueles que estão entre Deus e a resposta daquele que busca. Sem sua
intermediação não há revelação do sagrado e nem a obtenção da benção. O que dá
a entender é que a divindade está sempre disponível quando, através de rituais,
o sacerdote clama por sua visitação. Sempre se terá uma resposta para aqueles
que buscam o intermediário, o sacerdote dos mistérios.
Não nego a existência do mundo sobrenatural, aliás, eu creio firmemente
que ele está estritamente ligado ao mundo natural. Mas a questão é que não
existe apenas uma “força benévola” nesse mundo oculto. Aqueles que adentram
esses mistérios estão suscetíveis a qualquer experiência com entidades
misteriosas. E a situação piora quando se sabe que a força que opera no
misticismo nunca será uma força benévola, pelo simples fato que o Deus de amor,
Pai do Senhor Jesus, não se deixa achar por fórmulas e rituais. Então, qual é
poder que o ocultismo experimenta quando entra em contato com esse mundo sobrenatural?
Eu não vejo outra resposta, senão o mundo satânico e demoníaco que opera
exclusivamente nas religiões de mistério. Eles sentem a divindade, mas não tem
conhecimento desta divindade, por isso são tão suscetíveis ao engano. Eles
reconhecem um reino místico, mas não conhecem o rei deste reino.
Esse era o costume do
mundo antigo, e também estava presente nos dias do Senhor Jesus. Na verdade
esse costume nunca saiu de moda, ele vem desde os primórdios da criação e
adentra nossos dias ainda com muita força. É algo natural do ser humano buscar
por uma resposta rápida as suas indagações, necessidade ou desejos. Esse anseio
na maioria das vezes os leva para longe do Criador. O interesse pelo oculto os
afasta do verdadeiro conhecimento tão disponível por meio de Cristo.
Os sacerdotes que tinham o poder para dobrar espíritos
através de sua invocação era a única magia que interessava as pessoas nos tempos
de Jesus e dos Apóstolos. Mas o interessante é que o Senhor nunca se deparou
com um mágico, um místico em seu ministério. Talvez, pelo fato de sua obra se
restringir a Israel, onde a magia era abominada, e, o mago estava sujeito a
morte. Mas quando os discípulos rompem os limites da nação de Israel, vemos
seus confrontos com o mundo mágico da época.
E em Atos 8. 19 a 24, um nome é mencionado. Simão conhecido
como o mago, praticava magia espetacular em Samaria. Ele era conhecido por suas
mágicas, e seus truques o ajudava naquilo que ele alegava fazer. As pessoas
acreditavam nele, e creio que aqueles que o procurava tinham respostas as suas questões.
Ele era conhecido como o poder de Deus, o Grande Poder. Qualquer semelhança com
os nossos dias não são mera coincidência. Ele é o pai dos místicos heréticos de
hoje, que estão na mídia e igrejas, prometendo respostas rápidas as questões da
vida. São os oráculos do Divino, conhecidos como os homens e mulheres do Grande
Poder de Deus, o revelador do poder divino.
Mas quando Simão se deparou com o poder do Espírito Santo
vindo sobre aquelas pessoas, através das mãos dos apóstolos, ficou assombrado e
cobiçoso. Mas devemos prestar atenção em algo de grande importância aqui. Simão
o mago, ainda era mago mesmo após a sua conversão. Ele abraçou a fé e foi
batizado por Filipe, e ficava extasiado pelos sinais e grandes milagres
praticados. Simão se tornou um cristão sem o Cristo, e em breve se tornaria um
grande “homem de Deus”, sem o próprio Deus.
Isso nos ensina algo realmente importante. A grande maioria daqueles
conhecidos como o Grande Poder na igreja Brasileira é como Simão, cristãos sem
Cristo, homens de Deus sem Deus, que operam milagres e maravilhas em Seu Nome,
mas sem a Sua aprovação.
O que Simão pensou quando ofereceu dinheiro para se obter
aquele poder foi o seguinte:
Ter uma influencia
lucrativa sobre o povo, cobrando a dinheiro, a capacidade de outorgar o Espírito
Santo, a fim de que ele mesmo pudesse exigir pagamento para assim fazer.
Simão iniciou, desde os tempos dos apóstolos, a cobrança de
tributos pela intermediação entre aquele que busca e a benção. Pagando ao
Grande Poder de Deus, pode-se alcançar de uma maneira mais rápida e mágica
aquilo que se procura. Ele criou a moderna teologia da prosperidade, o
evangelho da ganância. Ele foi o primeiro pregador, entre muitos pregadores
futuramente, a usar e explorar o povo, especialmente os pobres, ao exigir
ofertas e dízimos (ou trizimos), em troca de bênçãos.
Simão, o mago foi um grande adversário de Pedro, o apóstolo.
Ele era um espinho na carne dos discípulos. Ele enxertou ensinos cristãos em
suas doutrinas sincretistas, e criou um proto gnosticismo. E seus discípulos,
assim como seu mestre, dão uma cara de cristianismo a sua religião de mistério,
usando um poder demoníaco para operarem as suas magias. Eles vendem por
dinheiro aquilo que oferecem, como se O Deus do ouro e da prata dependesse de sacrifícios
monetários para se satisfazer.
O que satisfez e satisfaz o Senhor do universo é somente uma
coisa, e não é dinheiro. O que o tornou acessível a nós, pecadores, e o faz ser
tão bondoso, sendo que nada merecemos, é o sangue de seu Filho, o Senhor Jesus.
Ele age com graça para com o mundo caído, sem que esse nada faça para
satisfazê-lo. Ele também age com graça para com seus filhos que foram
alcançados por esse sangue, sem que esses também mereçam alguma coisa. Não é sacrifícios
através de dinheiro que fará Deus responder suas orações. Aqueles que assim o
fazem, estão monopolizando algo que Deus dá gratuitamente. A expiação inclui a
cura de todos os efeitos do pecado, sendo que se não formos curados aqui, o seremos
no dia da ressurreição. Essa é a promessa bíblica, e é tão certa como o sol que
irá nascer amanhã. Não é uma promessa vazia e nem interesseira como os filhos
de Simão, o mago, fazem.
Há outro poder sendo usado e oferecido como mercadoria a
todos aqueles, que desesperados, procuram por respostas. Muitos começaram de
uma forma humilde e fiel, mas em determinado momento, seduzido pelo sucesso,
pela fama e dinheiro venderam o dom do Espírito Santo e perderam o poder
missionário e evangelizador, seguindo para a destruição com a prata que
conquistaram com sua ganância.
Hoje, os discípulos de Simão, o mago, estão no centro das
atenções. Quase toda a igreja lhes dá ouvidos, do menor ao maior. São
conhecidos como grandes homens de Deus que operam sinais e maravilhas. Pregam
um evangelho sincrético com uma coloração cristã. Naquele tempo, porém, como
ainda hoje, o ser humano presta atenção avidamente quando, de modo tão drástico
e barato, algo vem ao encontro de seu anseio por ajuda milagrosa e pela
experiência do sobrenatural e misterioso. “Aderiam a ele porque havia muito os
deixara estupefatos com suas mágicas.”
Que Deus tenha misericórdia da igreja brasileira. Que o véu
em seus olhos seja rasgado para que vejam que o anticristo está usando esses
homens e mulheres para entorpecer suas mentes, para assim, aceitarem os sinais
e prodígios que o falso profeta fará naqueles dias.
Isso é apenas o começo.
Soli Dio Gloria
SPC
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