O contraste entre a Igreja
de Corinto e a Igreja Brasileira
O
ensino não tem muito valor nas igrejas brasileiras. E aqueles que tentam
nortear seu ministério baseados na teologia terão sérias dificuldades. A igreja
pouco se importa com aquilo que é primordial para sua sobrevivência. Pensam que
o ensino é algo destinado aos doutos, Pastores ou professores. Mas esse
pensamento está longe da verdade.
Aqueles
que se iniciam na teologia, realmente tendem a serem prolixos em suas pregações,
mas creio que com o tempo e a experiência, essa dificuldade é substituída pela
clareza nas palavras. Essa capacitação de expor as escrituras com facilidade
não deve ferir princípios da palavra de Deus. Acham-se meios para pregá-lo, mas
não artifícios para corrompê-lo.
Paulo
se adequava ao contexto em que se encontrava, mas não negociava o evangelho.
Era sempre o mesmo, só mudando a forma de pregá-lo, como pregá-lo e quando
pregá-lo. Esse apóstolo era totalmente capaz de impressionar qualquer
auditório, desde os mais simples, aos mais intelectuais. Mas o fato dele ser
simples na pregação do evangelho em Corinto, após profunda pregação em Atenas,
lhe trouxe problemas.
Paulo
não usou de filosofia para com aqueles irmãos, mas da pregação pura e simples
do evangelho. Isso escandalizou muitos daquela igreja. E o que eles queriam?
Creio que palavras filosóficas sobre Deus. O povo das antigas era muito influenciado por Platão, Aristóteles e outros filósofos gregos, e esse fato é a causa do
nascimento do gnosticismo, quando lideres começaram a misturar porções do
evangelho com a filosofia grega.
Mas
homem algum é salvo pela sabedoria ou pelo conhecimento humano. Ele é salvo
pela proclamação pura e simples da verdade de Deus. Os judeus pediam um sinal,
e os gregos sabedoria. Mas o que era lhes dado por Paulo e os apóstolos, era
aquilo que podia saciar a fome e sede da alma humana, isto é, Cristo e esse
crucificado. Essas simples palavras eram escândalo para os judeus e loucura
para os gentios. Pode Deus morrer de uma forma humilhante, ou um Deus se tornar
um mero mortal, sujeito as suas fraquezas?
Era
nesse contexto filosófico que aquela igreja se encontrava. Ela estava permeada
pela sabedoria borbulhante da época, e essa influência adentrou os círculos
cristãos. Eles queriam algo novo e impressionante. Nada simples os impactava,
antes, era motivo de desprezo. E quando Paulo chegou pregando de uma forma bem
direta, sem artifícios humanos, dependendo somente do poder da cruz e não da
argumentação, foi rejeitado. Essa reação daqueles irmãos nos revela uma
diferença abismal entre eles e nós:
A
igreja de corinto queria sabedoria, mas a igreja brasileira quer experiências.
A igreja de corinto queria filosofia, mas a igreja do Brasil preza pela
ignorância. A igreja de corinto se impressionava pela retórica, a igreja
brasileira fica maravilhada pelos milagres. A igreja de corinto se deleitava
pelas coisas profundas de Deus, mas a igreja brasileira se satisfaz com
arrepios e choros. Que contraste!
Algumas
vezes já me deparei com argumentos vociferando que o evangelho é simples e que
o senhor Jesus também era simples em suas palavras.
Mais Jesus, menos teologia, dizem os profetas da
estupidez.
Mas
quem lhes disse que o Senhor era simples em suas palavras? Se fosse não teria
tanta confusão, denominação ou seitas. Até mesmo as parábolas que o nosso
Senhor tirou do contexto judeu eram difíceis para eles. A prova é quando os
discípulos pediam explicações e pela ignorância e cegueira dos fariseus.
Realmente
é complicado trazer uma palavra de ensino a uma igreja tão diversificada em
nossos dias. Homens e mulheres simples se assentam lado a lado com os mais
capacitados intelectualmente. Um meio
termo tem que ser encontrado pelo pregador para que ele alcance toda a
congregação e assim não caia nas palavras de C. S. Lewis:
Se não puder simplificar um argumento complicado
para atrair a pessoa comum, haverá grande probabilidade de que aquele que o
estiver explicando também não o entenda perfeitamente.
O
que mais tem sido usado em nossos dias pelos pregadores não é o puro evangelho,
muito menos uma boa filosofia, mas uma mistura entre psicologia e programação neurolinguística. Com esses artifícios o pregador pode levar pessoas à emoção,
arrepios, falsa conversão, falsa cura ou a se entregar totalmente, sendo
manipulada pelo pregador. É o que se pode ver nas reuniões de avivamento, ou
cruzadas de milagres que estão em vigor por aí.
Muitos
homens e mulheres que estão à frente de ministérios têm uma aparência de
piedade, mas, no entanto negam a fé. São pomposos no falar, no vestir, no se
portar, mas não tem nada de Deus. A pergunta a ser feita é qual poder esse tipo
de pregador usa nas suas ministrações? Aqueles que têm intimidade com a palavra
de Deus descobrirão a fonte desse poder.
Esse
tipo de mensagem só gera convencidos, mas não convertidos. Esse tipo de
pregação queima o campo, impede a propagação do evangelho, pois o escandaliza.
Foi isso o que aconteceu a Charles Finney. Ele usou desses artifícios para
alcançar os seus propósitos. Em suas cruzadas havia forte emoção, musicas
emotivas, palavras desafiadoras, um clima celestial pré-programado, mas pouco
ou nenhum evangelho que é o poder de Deus para a salvação verdadeira.
Há
sempre muita euforia no inicio desses ministérios norteados por artifícios
humanos, mas no fim será só decepção. Foi esse tipo de ensino confiado no poder
da alma, no poder da emoção, ou no poder da persuasão que gerou e gera esse
desastre.
O
verdadeiro evangelho deve ser pregado no todo para o homem todo. Nada pode
ficar de fora quando o destino de um pecador está em jogo. Nada deve ser
ocultado, ou negado para o perdido. As palavras de Deus contidas na bíblia visam
à maturidade, o desenvolvimento no caráter e o crescimento do servo. Nada disso
é instantâneo, dura toda uma vida. Como disse Alan Redpath:
A conversão de uma alma é o
milagre de um momento, a fabricação de um santo é tarefa de uma vida inteira.
O
evangelho prepara o homem para as provas da vida. Mas não é isso que é visto
nas grandes ou pequenas igrejas. É um evangelho cômodo sendo pregado. Palavras que não confrontam e trás mudanças.
Mas palavras fáceis de ouvir. E o resultado disso é que as pessoas pensam que
estão salvas, quando na verdade ainda estão perdidas em seus pecados. Tanto em
Corinto, como hoje na igreja brasileira, esses dois extremos são perigosos.
A razão sem a piedade gerará liberais, mas a
experiência sem a teologia gerará fanáticos fundamentalistas. A teologia abre
nossos olhos para os falsos profetas tão vigentes em nossos dias. Mas a
ignorância da verdade faz daqueles que desprezam o conhecimento, um cordeirinho
caminhando para o matadouro, pensando que caminha para um paraíso.
Deus
nos deu a capacidade de pensar, raciocinar e tomar decisões acertadas. Não
menospreze aquilo que Seu Criador compartilhou com você. Use seu cérebro para
aquilo que realmente importa no final, conhecer o Deus abscôndito revelado nas
suas palavras.
A mente não é uma vasilha
para ser enchida, mas um fogo para ser acendido.
Plutarco
Plutarco
Soli Deo Gloria
SPC
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