Fé, Para que serve?
João 10. 27 a 30
Em nossos dias a fé está sendo
cultuada. Ela deixou de ser um meio e passou a ser o próprio fim em si mesmo.
Nada mais é preciso, nem Deus, somente a fé. Ela é mal empregada e quando é criticada
pelos seus excessos, os seus adoradores ficam enfurecidos. Mas o interessante é
que o seu uso é sempre relativo à benção, cura, prosperidade e outras dessas
coisas que perecem, mas nunca é praticada com respeito aquilo que é eterno.
Quando esses são desafiados a colocar a sua fé no que realmente importa, falham
terrivelmente.
A garantia da vida eterna pelo
novo nascimento é uma crise de fé. Eu tenho que crer para ser salvo. Mas também
é uma atitude constante na obra de Cristo na cruz. Aquele que foi alcançado
pela graça tem que viver crendo, e essa vida de fé é que lhe dá segurança na
salvação eterna.
Quando o pecador é regenerado,
ele ganha de Deus a vida eterna. Deus lhe dá como presente imerecido. E o
interessante nessa ação de Deus é que o que Ele deu, Ele nunca toma de volta.
Eu não posso perder, por não merecer, aquilo que eu ganhei sem merecer. É graça
de um Deus bondoso.
Esses que foram alcançados pela
graça, Deus os adota como filhos. O nascimento do alto lhes dá a certeza que
eles fazem parte da família de Deus. João 3.36 e Romanos 8.16 nos fala sobre
essa questão. O filho sempre será filho. O Espírito Santo testifica essa
verdade em cada coração que foi regenerado. Agora, em cristo, independente das
situações, eu sou filho. E quando o filho erra contra o seu Pai, ele deixa de
ser filho? Nunca! Ele pode até deserdá-lo, mas essa verdade nunca se tornará
mentira, ele sempre será pai. Se isso é verdadeiro no relacionamento humano,
porque não seria no relacionamento divino? De quem Deus é Pai, Ele sempre será
Pai. Porque com Ele, que é Soberano eterno e imutável seria diferente?
E porque há tantos que pensam
diferente desse evangelho eterno? A causa é a meritocracia. A salvação desses
se baseia sempre naquilo que eles fazem. Na questão do mérito, se o que ele faz
cai, a segurança da salvação cai juntamente. Por causa de suas obras frágeis e
falhas, esses constroem suas casas na areia. Qualquer vento de culpa duvida ou
sentimento derruba todo o edifício da religião construída em torno de si mesmo.
Por isso Paulo foi tão ríspido
com a igreja na Galácia. Eles queriam acrescentar à obra de Cristo à
circuncisão. A fé em cristo não era suficiente, faltava algo, e esse algo era a
observância da lei mosaica. Trocar a obra eterna, perfeita e suficiente de
Cristo por uma obra humana claramente passageira, era loucura. Por isso o
Apóstolo os chamou de loucos. Nenhuma obra, nem o martírio, garantem alguma
coisa sem fé em Cristo. O único que garante a nossa salvação é o senhor Jesus,
e Ele fez isso na cruz e nos deu imerecidamente para que ninguém se orgulhe do
que fez ou faz, mas glorifique somente Aquele que fez e continua fazendo, Cristo.
Você é homem ou mulher de fé?
Então porque não crê na segurança da obra de nosso salvador?
Deus nos gerou e ele nos guarda.
Ele não é incapaz de nos guardar. Ele vela para que sua palavra se cumpra. E se
Ele diz que somos salvos em Cristo, somos salvos. Mesmo que o filho venha se
afastar do Pai, assim como o filho pródigo, um dia ele se arrependerá e voltará
para seus braços. Mas se ele não conseguir voltar, Jesus Cristo, assim como o
pastor que dá a sua vida pelas ovelhinhas, irá ao se encontro para resgatá-la.
A graça de Deus não nos trata de
acordo com nosso desempenho, mas de acordo com nosso relacionamento com ele.
Neste ponto, somos para sempre filhos. Ele se entristece com nossos pecados,
mas não nos expulsará como bastardos. Ele disciplinará os filhos rebeldes, mas
esses sempre estarão ao seu lado.
Deus não age como um casal que
adotou uma criança carente, e após uma campanha para alcançar um milagre para
sua esterilidade, expulsaram de sua casa aquela criança, sendo que agora elas
têm o deles. E isso realmente aconteceu. Mas nosso Deus não é covarde como esse
casal.
Satanás nunca nos arrancará das
mãos do Deus do universo. Ou você acha que nosso inimigo é tão poderoso assim.
Ele não pode reivindicar nada, Jesus pagou todas as dividas desses filhos.
Diante dessa verdade, a segurança
eterna, viveremos relaxadamente? Porque a maioria das pessoas pensam assim? A
graça não nos dá o direito de pecar, antes, ela nos guarda do erro.
Judas, o irmão de nosso Senhor,
responde a essa dificuldade com um paradoxo: a soberania de Deus e a
responsabilidade humana.
No verso 21 de Judas diz:
guardai-vos no amor de Deus. E no verso 24 ele completa: Deus é poderoso para
nos guardar. Quando eu me guardo, estou sendo guardado, e quando eu não me
guardo, será a conclusão a antítese dessas ultima sentença? Claro que não! Eu
continuarei sendo guardado pelo meu Pai mesmo se eu não me guardar. É minha
responsabilidade vigiar sempre, mas se eu falhar, meu Deus é soberano para me
sustentar em minha fraqueza.
Mesmo que por um breve momento eu
venha a perder a alegria da salvação, um dia o Senhor restaurará essa alegria.
Note que eu escrevi alegria e não salvação. A alegria pode ser perdida, mas a
salvação não. Está lembrado do Rei Davi? Ele escreveu no salmo 51. 12 a palavra
alegria e não salvação. Torna a dar a alegria da salvação. O pecado nos tira a
alegria, nunca a salvação. Mas o arrependimento sincero restaura a comunhão
entre o filho e o Pai.
Mas surge um outro problema que
se torna um grande inimigo para a fé, os sentimentos. Eu não posso crer no que
eu sinto. O coração é mais enganoso do que todas as coisa, diz Jeremias 17.9. O
profeta fala das nossas emoções, e a fé não é sentimento e nem depende dela. A
fé não depende de arrepios, risos ou choro, mas infelizmente nós somos a
geração sensação.
Em tudo queremos sentir. A
pregação é julgada se eu senti algo ou não. O culto é julgado se eu sinto algo ou
não. Tudo passa a ser julgado pelas sensações. Diante disso vemos pessoas
dizendo: eu sinto que Deus não me ama. Eu sinto que não fui perdoado. Eu sinto
que não há mais solução para mim. Eu sinto que não sou filho. E isso tem
trazido desespero para muitos. E qual é o resultado? Passam a servir a Deus por
medo. Medo de ser expulso da família se fizer isso ou deixar de fazer aquilo.
Medo de ser enviado para o inferno. Esses servem por medo de não ser perdoado,
amado, aceito.
Mas graças a Deus que no amor não
existe medo. No amor de Deus não existe medo de ser condenado no dia do juízo,
mas a fé nos dá total confiança que o amor perfeito lança todos esses
sentimentos fora.
No sentir não há espaço para fé.
Onde há fé, há sentimento. E se não houver sentimento, a fé nos ampara e
sustenta. Mas onde há sentimento como base, não haverá espaço para a fé, pois o
sentir exclui a fé. E quando não posso sentir a fé já estará naufragada.
Por isso é tão perigoso viver a
vida cristã baseada ou nas obras ou nos sentimentos. A bíblia não fala que sem
sentimentos é impossível agradar a Deus. É sem fé. E ele não fala que devemos
nos aproximar de Deus sentindo que Ele existe. É crendo que ele existe.
O que seria do Senhor Jesus na cruz,
em meio a toda vergonha, afronta, sofrimento, abandono, se confiasse em seu
sentimento? Ele cairia em desespero. Mas
ele se apegou a fé, se apegou a certeza de que o seu Pai é bom mesmo naquela
situação. O que seria de Paulo se diante de todos os problemas ele se apegasse
aos seus sentimentos? Ele chegaria à conclusão que Deus não o amava e que ele
estaria fazendo algo de errado. O que seria dos cristãos no coliseu, na
inquisição, na perseguição atual, se estivesse confiando em seus sentimentos? Mas
eles estavam e estão baseados naquilo que Deus falou, e mesmo que venham a morrer,
eles sabem que estarão com seu Pai naquele mesmo dia, desfrutando de todas as
promessas do Senhor.
Se somos grandes pecadores, a
graça de nosso Deus é muito maior do que nossos pecados. E essa é a nossa
esperança. Ele não foi injusto deixando de julgar nossos pecados. Ele os julgou
em cristo Jesus no calvário. Ele foi amor se importando com seus filhos, e foi
justo colocando cada um deles em Cristo. Todos os nossos pecados, do passado,
do presente e do futuro estavam sobre o cordeiro e foram julgados. Hoje somos
justos como o senhor Jesus é.
Eu não tenho que fazer alguma
coisa para me salvar, eu já sou salvo. Eu não tenho que sentir que sou amado,
eu, pela fé, já sou.
Diante dessa verdade, não ceda ao
medo. Não ceda a culpa. Não faça algo para pagar aquilo que você nunca pagará. Veja
o que o senhor nos diz: Eu propus... está é a minha vontade, o meu propósito, o
meu desejo, que através do sangue de cordeiro fossemos propiciados, para Ele ser
justo e justificador de todos aqueles que crêem. É crer, não sentir ou fazer.
Nada do que eu faça ou deixa de
fazer fará com que Deus me ama mais ou menos. A verdade é que Ele me ama
independente de minhas ações. E como eu sei disso com toda a certeza? Não é
pelo o que eu sinto. É pela palavra que diz exatamente isso: Ele me ama. É fé
simplesmente.
Se você realmente nasceu de novo,
você é filho, e nada e ninguém podem mudar esse fato. Mesmo que satanás venha
te dizer que você não é aquilo que deveria ser, que você não é o que queria
ser, responda para ele: graças a Deus, pois se eu não sou o que deveria ser ou quero ser, eu já não sou o que eu era.
Agora sou filho de Deus,uma nova
criatura em Cristo, e mesmo que eu sinta que não sou, caminho pela fé para ser
tudo aquilo que estou predestinado a ser: a imagem de Cristo.
Essas palavras são de Lutero. Esse
grande homem, antes de ver a maravilhosa graça de Deus, servia por medo. Tentava
em seus esforços, pagar algo que nunca poderia pagar. E sempre se sentia um
bastardo, condenado por um Deus justo e sem amor. Mas ele não confiou em si
mesmo e nem em seus sentimentos. Ele confiou na obra eterna de Jesus Cristo.
E se Deus falou que a obra de sEu
filho é suficiente, que descansemos em suas palavras, pois já não há mais
condenação para os que estão em cristo Jesus, e estão firmados em sua obra pela
fé.
Amém.
Silas Portela Carvalho
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