quarta-feira, 29 de outubro de 2014


CHARLES FINNEY – VIDA, CONVERSÃO E OBRA

A conversão de Charles Finney é um caso peculiar. Tomado por uma forte convicção em seu coração e mente, dirigiu-se para a floresta e lá fez a seguinte promessa: “Entregarei meu coração a Deus ou morrerei tentando.” (FINNEY, 1847). FINNEY nunca compreendeu a conversão como uma obra exclusiva de Deus; cria ele de que se tratava da sua própria vontade o fator determinante da sua salvação. Confessou que tinha assentado em seu coração resolver o problema da salvação de sua alma e assim ter paz com Deus, ignorando que o problema de sua salvação já tinha sido resolvido por Cristo e a paz com Deus viria somente pela justificação pela fé,  por meio somente de Cristo, como relata Paulo em Romanos 5. 1.

E, no meio da floresta, Charles veio a ter a sua hora de encontro com Deus, e após esse encontro místico, um sentimento de paz inundou-lhe a alma, fazendo-o temer e se perguntar se havia entristecido o Espírito Santo, pois aquela convicção de pecados havia desaparecido.

BOYER assim relatou este episódio:

 

Na estrada, voltando para a aldeia, certifiquei-me da preciosa paz e da gloriosa calma na minha mente. “– Que é isso?”– perguntei-me a mim mesmo. “– Entristecera eu o Espírito Santo até retirar-se de mim?” Então lembrei-me de que dissera a Deus que confiaria na sua Palavra... (BOYER, 1999)

 

No entanto, o impacto maior em sua conversão aconteceu, mais tarde, naquele mesmo dia, em seu escritório. Sobre aquela experiência relatou Charles Finney:

 

O Espírito Santo desceu sobre mim de maneira que parecia perpassar-me, corpo e alma... Parecia vir em ondas e mais ondas de amor líquido... Parecia o próprio sopro de Deus... Não há palavras que exprimam o maravilhoso amor que foi derramado em meu coração. Chorei alto, de alegria e amor; e não tenho certeza, mas eu diria que saíam aos borbotões as emoções inexprimíveis de meu coração... (OSWALD SMITH, 1980)

 

Após a experiência, FINNEY tornou-se o precursor de uma nova doutrina que surgiria alguns anos depois. Ele denominou aquela visitação como “um poderoso batismo do Espírito Santo”, e a base de seu ensinamento sobre uma segunda benção, após a conversão, veio dessa experiência. Depois desse revestimento de poder que FINNEY teria recebido em suas memórias atacou novamente aquele que foi seu mentor:

 

Havia outro defeito na educação administrada pelo irmão Gale, que considerei fundamental. Se já fora convertido, deixara de receber aquela unção divina do Espírito Santo que o tornaria um elemento poderoso no púlpito e na sociedade, para a conversão de almas. Não tinha chegado a receber o batismo no Espírito Santo, que é indispensável para o sucesso no ministério... (Lima, 2008)

 

Novamente é possível perceber o pragmatismo fortemente arraigado na vida de FINNEY, ao ponto de excluir toda fórmula ministerial de seus dias. Segundo o seu entendimento, a forma como o evangelismo era executado não produzia o efeito necessário para um resultado almejado, por isso aquela fórmula estava defasada e precisava de uma nova metodologia, isto é, os pregadores precisavam de um revestimento de poder, o batismo com Espírito Santo, que viria pela segunda benção após a conversão.

Mesmo após sua experiência espiritual, FINNEY se atormentava e sofria com as suas dúvidas, mas trazia a certeza de que Deus o havia chamado para defender, não mais a causas humanas, mas a causa d’Ele, e foi neste momento que o Pelagianismo e o Pragmatismo se revelaram de uma forma surpreendente em sua vida e ministério.

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