CHARLES FINNEY – VIDA, CONVERSÃO E OBRA
A conversão de Charles Finney é um caso peculiar. Tomado por uma forte
convicção em seu coração e mente, dirigiu-se para a floresta e lá fez a
seguinte promessa: “Entregarei meu coração a Deus ou morrerei tentando.”
(FINNEY, 1847). FINNEY nunca compreendeu a conversão como uma obra exclusiva de
Deus; cria ele de que se tratava da sua própria vontade o fator determinante da
sua salvação. Confessou que tinha assentado em seu coração resolver o problema
da salvação de sua alma e assim ter paz com Deus, ignorando que o problema de
sua salvação já tinha sido resolvido por Cristo e a paz com Deus viria somente
pela justificação pela fé, por meio
somente de Cristo, como relata Paulo em Romanos 5. 1.
E, no meio da floresta, Charles veio a ter a sua hora de encontro com
Deus, e após esse encontro místico, um sentimento de paz inundou-lhe a alma, fazendo-o
temer e se perguntar se havia entristecido o Espírito Santo, pois aquela
convicção de pecados havia desaparecido.
BOYER assim
relatou este episódio:
Na estrada, voltando
para a aldeia, certifiquei-me da preciosa paz e da gloriosa calma na minha
mente. “– Que é isso?”– perguntei-me a mim mesmo. “– Entristecera eu o Espírito
Santo até retirar-se de mim?” Então lembrei-me de que dissera a Deus que
confiaria na sua Palavra... (BOYER, 1999)
No entanto, o impacto maior em sua conversão aconteceu, mais tarde,
naquele mesmo dia, em seu escritório. Sobre aquela experiência relatou Charles Finney:
O Espírito Santo desceu sobre mim de maneira que
parecia perpassar-me, corpo e alma... Parecia vir em ondas e mais ondas de amor
líquido... Parecia o próprio sopro de Deus... Não há palavras que exprimam o
maravilhoso amor que foi derramado em meu coração. Chorei alto, de alegria e
amor; e não tenho certeza, mas eu diria que saíam aos borbotões as emoções
inexprimíveis de meu coração... (OSWALD SMITH, 1980)
Após a experiência, FINNEY tornou-se o precursor de uma nova doutrina que
surgiria alguns anos depois. Ele denominou aquela visitação como “um poderoso
batismo do Espírito Santo”, e a base de seu ensinamento sobre uma segunda benção,
após a conversão, veio dessa experiência. Depois desse revestimento de poder que
FINNEY teria recebido em suas memórias atacou novamente aquele que foi seu
mentor:
Havia outro defeito na educação administrada pelo
irmão Gale, que considerei fundamental. Se já fora convertido, deixara de
receber aquela unção divina do Espírito Santo que o tornaria um elemento
poderoso no púlpito e na sociedade, para a conversão de almas. Não tinha
chegado a receber o batismo no Espírito Santo, que é indispensável para o
sucesso no ministério... (Lima, 2008)
Novamente é possível perceber o pragmatismo fortemente arraigado na vida
de FINNEY, ao ponto de excluir toda fórmula ministerial de seus dias. Segundo o
seu entendimento, a forma como o evangelismo era executado não produzia o
efeito necessário para um resultado almejado, por isso aquela fórmula estava defasada
e precisava de uma nova metodologia, isto é, os pregadores precisavam de um
revestimento de poder, o batismo com Espírito Santo, que viria pela segunda
benção após a conversão.
Mesmo após sua experiência espiritual, FINNEY se atormentava e sofria com
as suas dúvidas, mas trazia a certeza de que Deus o havia chamado para
defender, não mais a causas humanas, mas a causa d’Ele, e foi neste momento que
o Pelagianismo e o Pragmatismo se revelaram de uma forma surpreendente em sua
vida e ministério.
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